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Enio Verri: governo irá mobilizar recursos da Itaipu para isentar conta de luz no RS

Segundo diretor-geral brasileiro da Itaipu, o Ministério de Minas e Energia estuda utilização de R$1,2 bilhão para ajudar o estado: “Esse projeto já está muito bem desenhado e deve ser anunciado pelo presidente Lula em breve”

Reprodução / Metrópoles

Verri: presidente Lla está muito comprometido e tem reuniões todos os dias para tratar do Rio Grande do Sul

“Sem dúvida nenhuma a boa notícia são esses R$ 1,2 bilhão de reais. A ideia do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil, coordenados pelo presidente Lula, é de usar esse recurso para isentar as contas (de luz) do Rio Grande do Sul até o final do ano. Esse projeto já está muito bem desenhado e deve ser anunciado pelo presidente Lula em breve, até porque as contas começam a chegar agora às casas das famílias”. A declaração é do diretor geral de Itaipu Enio Verri, em entrevista, na sexta-feira (31), ao site Metrópoles.

O presidente, segundo Verri, está muito comprometido e tem reuniões todos os dias para tratar do Rio Grande do Sul. “O compromisso dele e dos ministros é muito forte, inclusive conversei com o (ministro) Paulo Pimenta, discutimos alguns detalhes, creio que no primeiro semestre devemos anunciar (a isenção)”, assinalou, ao acrescentar que todo o governo pensa o RS estruturalmente, e na retomada das atividades.

“Abrigo para as pessoas, as empresas voltarem a funcionar, darmos condições para a população consumir, reabrir o aeroporto, a economia voltar a girar, isso é um trabalho concentrado das estatais junto com os ministérios”, salientou. O presidente Lula coloca a transição climática, inovação tecnológica e também a questão energética como pauta prioritária de governo. “Isso é tão forte que quem cuida da transição energética e da questão climática está no Ministério da Fazenda”, observou o diretor.

A outra boa nova, segundo Verri, é que o governo brasileiro conseguiu acordo para manter a mesma tarifa até 2026, no valor de U$16,71, chegando a U$ 12,00 em 2027.

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“Vamos poder aplicar o preço de custo, hoje seria em torno de U$ 12,00. Temos condições de crer que em 2027 a tarifa de Itaipu caia de U$ 16,71 para em torno de U$ 12,00 o que é uma queda substancial”, apontou. A partir de 2027 o Paraguai não será mais obrigado a vender a sua energia para o Brasil. Com isso, o país vizinho poderá vender essa energia excedente para a iniciativa privada do Brasil, o setor industrial em especial, que consome muito.

Verri explicou que o preço da energia de Itaipu, nas últimas décadas, girava em torno de U$ 22,6, valor que levava em conta a dívida muito alta, o custo de produção e mais o investimento na área ambiental que a empresa é obrigada a fazer desde 2005.

“Em fevereiro de 2023 essa dívida foi encerrada e o valor da energia produzida caiu 26%, de U$ 22,60 conseguimos reduzir para U$16,71. A expectativa do governo brasileiro, a pedido do presidente Lula, é baixar ainda mais a partir desse ano. A nossa expectativa é chegar em torno de U$ 14,77”, detalhou, ao falar das negociações bem sucedidas com o Paraguai.

“Vai haver mais oferta de energia no Brasil e, com isso, o preço tende a cair. O que vai determinar a tarifa da parte paraguaia é o mercado e, consequentemente, vamos poder aplicar (em 2027) o preço de custo, hoje em torno de U$ 12,00.

Grandes investimentos garantem segurança da barragem

O governo brasileiro investe muito em Itaipu e ela consegue ser um diferencial para o planeta, o que da à empresa o reconhecimento mundial em relação à segurança de barragens.

“Como Itaipu começou a ser construída nos anos 1970, ela é analógica, então nós estamos fazendo uma transição que vai durar 17 anos, para que a gente possa aplicar toda a inovação tecnológica que o mundo tem na usina. Isso é feito a cada ano com muito cuidado, de tal maneira que a empresa está sempre um pouco além daquilo que pode acontecer”, detalhou.

Há grandes investimentos em políticas ambientais, portanto, o risco de ocorrer na usina de Itaipu o que ocorreu em algumas usinas do RS é muito menor, segundo Verri. “E é muito diferente do que aconteceu em Minas Gerais. Foi um absurdo o que aconteceu lá, foi um problema de gestão da empresa”, afirmou, ao explicar que Itaipu sabe com muita antecedência se a água vai subir ou não.

A região de Itaipu abrange 434 municípios, sendo 399 do Paraná e 35 do Mato Grosso do Sul. Há uma previsão hoje que a usina tenha em torno de 194 anos de vida, para que possamos ampliar essa idade é preciso que não haja assoreamento do reservatório, precisamos conter a entrada de resíduos reservatórios, para isso há estratégia de ação junto aos municípios, com investimentos, em 2023, R$ 930 milhões.

Ao falar do Parque Tecnológico de Itaipu, que tem 600 funcionários, Verri revelou que há parceria com grandes empresas mundiais na área de inovação tecnológica, há parcerias também com a Finep e com o CNPQ e com outros países como a Alemanha. “Tudo isso o que estamos tratando é um olhar para o futuro de Itaipu, a usina vai aguentar 200 anos. A inovação tecnológica nos permite ampliar a produção”, informou.

Primeira universidade binacional será dentro de Itaipu

Há um desejo do presidente Lula que Verri compartilha que é a usina ser também um exemplo de integração da América Latina. “Temos dentro da usina uma universidade federal chamada Unila, ela ficou os últimos seis anos com a obra paralisada, embora a universidade exista, mas em condições precárias. Vamos terminar a obra dessa universidade numa negociação com o Paraguai. Vamos fazer a primeira universidade binacional para que a gente possa preparar a juventude não só do Brasil, mas também do Paraguai, Chile e de toda a região”, anunciou Verri.

Itaipu é a experiência de integração de dois países no quesito água, é responsável por guerras no planeta. “Mas em Itaipu ela é responsável pela paz. São dois países que tem grandes diferenças e mesmo assim aprendemos a conviver e isso tem proporcionado o respeito do mundo”, comemorou.

Segunda maior usina hidrelétrica do mundo, Itaipu começou a produzir no ano de 1984. “A China copiou todos os detalhes e tem hoje a maior usina”, informou o diretor. Mas em termos de produção de energia limpa, Itaipu foi a que mais produziu no mundo, que são os 3 bilhões de megawatts hora, completados dia 11 de março de 2024. “Nenhuma outra usina produziu isso nosso planeta”, disse Verri.

Backup de energia do Brasil

Até 15 anos atrás Itaipu representava 25% da produção de energia elétrica. Nos últimos 10 anos as energias chamadas alternativas, eólica e a fotovoltaica, se tornaram responsáveis por mais de 30% da produção de energia. Consequentemente essa energia, que é mais barata, mais limpa, vai ocupando um espaço que era energia hidrelétrica.

“Mas há aí um grande problema”, apontou Verri, porque tanto a fotovoltaica quanto a eólica não são uma energia firme. Se os ventos pararem ou se chover, não há produção de energia. Nesse novo conceito Itaipu tem um papel estratégico maior do que ela tinha antes, é um backup. “Nós somos aqueles que garantem energia firme, que damos o exemplo do copo d’água. As energias alternativas podem até deixar o copo quase cheio, mas quem sempre vai garantir o copo absolutamente cheio é Itaipu com a sua energia firme”, destacou.

Sobre o governo passado que fez estudos para possível privatização de Itaipu, Verri foi enfático. “Acho uma loucura uma empresa que é o backup da economia brasileira, que tem um papel estratégico, sendo privatizada, imagine o preço da tarifa. Quando precisarem, a tarifa vai lá em cima. Temos um planejamento estratégico para fazer de Itaipu sempre uma empresa 100% pública, tanto paraguaia como brasileira”, concluiu.

Da Redação, com Metrópoles