A Procuradoria Federal, o Ministério Público e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, constituída para investigar a Operação Zelotes, estabeleceram, na manhã desta terça-feira (26), uma cooperação de troca de informações para dar andamento às investigações sobre irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que podem ter movimentado cerca de R$ 20 bilhões em desvios.
Segundo o responsável pelas investigações, o procurador Frederico Paiva, as instituições envolvidas nas investigações vão trabalhar em uma via de mão dupla na troca de informações. Para Paiva, cabe ao Senado buscar provas para responsabilizar os envolvidos e discutir o atual modelo o Carf.
“Foi uma reunião muito produtiva. Passamos informações preliminares sobre a operação, foram discutidas medidas que restam para serem implementadas e no que a CPI pode colaborar. A Casa pode, ao final desta CPI, sugerir mudanças ou uma reestruturação para aprimorar o Carf”, ressaltou o procurador.
Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o acordo de cooperação permitirá maior troca de informações entre os demais órgãos atuantes nas investigações. “Estamos falando de possíveis desvios de recursos e cifras estratosféricas. Nosso objetivo não é diferente do da Polícia Federal, que é desvendar o esquema caso ele de fato exista e, a partir daí, repatriar o que é do povo brasileiro, punir quem deve ser punido e, principalmente, trabalhar a estrutura do Estado, sugerindo organização mais segura”, declarou a senadora.
Outra reunião está prevista para esta quarta-feira (27) entre os membros da CPI com agentes da Polícia Federal para tratar do intercâmbio de informações relacionadas à Operação Zelotes.
O caso – As irregularidades no Carf foram denunciadas em março, a partir de uma investigação em conjunto, desde 2013, da PF e MP. Segundo a denúncia, Conselheiros do Carf manipulavam decisões para livrar empresas de multas e dívidas com o fisco.
De acordo com as investigações, empresas de diversos segmentos produtivos pagaram propinas para determinados consultores extinguirem seus débitos com o fisco. A lista de empresas é extensa e contém instituições internacionais, como, Gerdau, Grupo RBS de Comunicação, Camargo Corrêa, Ford, Mitsubishi, BR Foods e a Petrobras.
Alguns bancos, como Santander, Bradesco, Safra e Bank Boston, pagaram, respectivamente, R$ 3,3; R$ 2,7 bilhões e R$ 767 e R$ 106 milhões de propina aos consultores do Carf.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Agência Brasil“