A procuradora Jerusa Viecili, uma das integrantes da Lava Jato que debochou e tripudiou da morte de familiares do ex-presidente Lula, usou sua conta no Twitter, na noite de terça-feira (27), para se desculpar.
Mais cedo, nova reportagem da série de revelações conhecida como Vaza Jato tinha tornado públicas várias trocas de mensagens entre os procuradores de Curitiba por ocasião das mortes de Dona Marisa Letícia, Vavá e Arthur – respectivamente mulher, irmão e neto de Lula –, que ocorreram num intervalo de dois anos.
“Querem que eu fique pro enterro?”, escreveu ela quando da notícia de que Dona Marisa tivera morte cerebral em razão de AVC. Na sequência, disse: “Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização”.
Dois anos depois, quando morreu Arthur, de 7 anos, vítima de infecção generalizada, ela voltou à carga nos grupos de Telegram: “Preparem para nova novela da ida ao velório”.
Ódio e desapreço
A divulgação das mensagens fez com que os advogados de Lula entrassem com novo pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para que o ex-presidente seja solto.
Segundo o advogado Cristiano Zanin, as mensagens mostram que a atuação dos procuradores “sempre foi norteada por ódio e desapreço pessoal pelo paciente e pelos seus familiares”, o que torna os investigadores “absolutamente incapazes de cumprir com seus deveres de imparcialidade, impessoalidade e isenção”.
O próprio Lula divulgou nota sobre as novas mensagens reveladas. O ex-presidente afirmou que “Foi com extrema indignação, com repulsa mesmo, que tomei conhecimento dos diálogos em que procuradores da Lava Jato referem-se de forma debochada e até desumana às perdas de entes queridos que sofri nos anos recentes: minha esposa Marisa, meu irmão Vavá e meu netinho Arthur.”
Mensagens verdadeiras
O pedido de desculpas de Jerusa levou à conclusão de que ela acabou confirmando a autenticidade dos diálogos que vêm sendo revelados há quase três meses por vários veículos de comunicação – autenticidade sempre negada nas notas oficiais da força-tarefa.
Com a repercussão, a procuradora voltou ao Twitter às 22h21 para afirmar que “a existência de mensagens verdadeiras não afasta o fato de que as mensagens são fruto de crime e têm sido descontextualizadas ou deturpadas para fazer falsas acusações”.
Ela afirmou também que os procuradores nunca negaram que há mensagens verdadeiras. “Contudo, não é possível saber exatamente o quanto está correto, porque é impossível recordar de detalhes de 1 milhão de mensagens em 5 anos intensos”
Por Brasil de Fato