Ao escolher os laureados com o Prêmio Nobel de Economia deste ano, a Academia Sueca deu razão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os economistas Abhijit Banerjee, Esther Duflo Michael Kremer, contemplados na categoria em 2019, consideram que a superação da pobreza e da desigualdade deve estar no centro das políticas econômicas, “e não apenas ser mero efeito colateral positivo e automático do crescimento”.
A observação é do senador Jaques Wagner (PT-BA), que em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (16) lembrou que uma concepção semelhante à reconhecida agora com o Nobel de Economia foi adotada pelos governos petistas, notadamente o governo Lula, o que assegurou o crescimento do País com distribuição de renda e redução da pobreza.
“Nossos governos representaram uma clara ruptura com o padrão de crescimento historicamente concentrador e excludente e que se manteve praticamente inalterado no Brasil até o início deste século, mesmo nas décadas de 80 e 90”.
Sinal ao mundo
Para Wagner, ao conferir o Prêmio Nobel a economistas dedicados à superação proativa da pobreza e da desigualdade, a Academia Sueca “manda um inequívoco sinal ao mundo: as democracias não podem mais continuar a conviver com políticas neoliberais e de austeridade que só aumentam os desníveis da desigualdade e impedem a superação da pobreza”.
Wagner, que foi presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social no governo Lula, lembrou que as desigualdades sociais e regionais são os maiores entraves ao desenvolvimento e o reconhecimento dessa realidade, com a adoção de medidas para superá-la, estavam na raiz da pujança econômica experimentada pelo Brasil durante os dois mandatos de Lula.
“Lula rompeu com a lógica cruel que pregava a necessidade de ‘deixar o bolo crescer para depois distribuir’. Ele apostou na distribuição de renda, no mercado interno robusto e forte”. O resultado é que, “sem que os ricos fossem violentados nos seus direitos, nós conseguimos tirar 40 milhões de pessoas da extrema pobreza”.
Ameaça à democracia
Os três premiados com o Nobel de Economia em 2019 não estão sozinhos. A preocupação com os limites e as consequências negativas das políticas restritivas e o crescimento das desigualdades é hoje o foco da teoria econômica mais inovadora, onde brilham nomes como o do francês Thomaz Piketty e o norte-americano Paul Krugman.
O alerta desses economistas, lembra Wagner, é que se nada for feito para reduzir a pobreza, “o mundo caminhará invariavelmente para novas crises econômicas e sociais que comprometerão o futuro das modernas democracias”. “A democracia não convive com a miséria. A desigualdade e da desesperança erodem a legitimidade dos sistemas de representação política”, alerta o senador.
Riscos do arrocho
Com a autoridade de quem governou a Bahia por oito anos sob absoluta responsabilidade fiscal — ainda hoje, seguindo sob governo petista, o estado é um exemplo de equilíbrio das finanças — Wagner chamou a atenção do ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, para os riscos de uma política de arrocho absoluto.
“O povo não vive só de equilíbrio fiscal. O povo vive de emprego, de renda, de salário, de comida e de prosperidade”, resumiu o senador.
Por PT no Senado