Partido dos Trabalhadores

Espetáculo da PF em prisão de Mantega causa indignação geral

Policiais retiraram Mantega de hospital enquanto sua esposa passava por cirurgia. Após forte repercussão, Moro revogou prisão do ex-ministro

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-ministro Guido Mantega

Diversos parlamentares petistas, secretários da legenda e outras personalidades se posicionaram, nesta quinta-feira (22), sobre a prisão temporária do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Ele foi retirado pela Polícia Federal, durante mais uma etapa da Operação Lava Jato, nesta manhã, de um hospital em São Paulo, enquanto sua esposa passava por cirurgia. Após forte repercussão negativa, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, revogou a prisão.

Em entrevista à Rádio Povo Ceará, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou respeito ao ex-ministro.

“O Guido é um homem que foi ministro da Fazenda, tem residência fixa, portanto as pessoas deveriam tratá-lo como o ser humano deve ser tratado. Eu não sou de acreditar nas delações. (…) O que é preciso é que as pessoas não sejam julgadas pelas manchetes de jornais antes de se apurar se houve crime ou não. Porque se a pessoa for condenada pela manchete, ela pode ser inocentada depois, mas ela estará condenada publicamente”, disse.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que a prisão do ex-ministro Guido Mantega é “arbitrária, desumana e desnecessária”.

De acordo com ele, a 34ª fase da Operação Lava Jato, denominada Arquivo X, deveria se chamar “Operação Boca de Urna”, uma vez que acontece às vésperas das eleições municipais. Falcão lembrou que Mantega é ex-ministro, tem endereço fixo e nunca se negou a dar esclarecimentos, sendo assim midiática a prisão em um hospital.

Na opinião do presidente do PT, há também um “excesso de coincidências” nas ações da Lava Jato. Além da proximidade das eleições para a deflagração da nova fase, ele citou o fato de o juiz Sérgio Moro ter recebido a denúncia contra o ex-presidente Lula na terça-feira (20), no mesmo dia em que Lula realizava uma teleconferência no lançamento da campanha “Stand With Lula” (Eu defendo Lula) organizada pela Confederação Sindical Internacional (UTC/CSI) em Nova York.

Sobre as suposições apresentadas de que haveriam repasses de verbas:  “O PT refuta as ilações apresentadas. Todas as operações financeiras do partido foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral.”

A bancada do PT na Câmara divulgou nota em que repudia, com veemência, a prisão do ex-ministro. (Veja nota na íntegra abaixo).

“Tendo em vista a proximidade das eleições municipais, é deplorável que promotores espetacularizem a investigação da Lava Jato e, sem provas e por mera convicção, acusem o ex-presidente Lula”.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) questionou: “prenderam Guido porque ele ia fugir do Albert Eistein?”.

A deputada Maria do Rosário e o deputado Paulo Pimenta também condenaram o espetáculo da PF.

“Já foi o tempo em que acreditar na isenção da Lava Jato era caso de ingenuidade. Agora é pura má-fé”, disse o coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Também pelas redes sociais, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou a “forma cruel” com que Guido Mantega foi preso.

Paulo Teixeira

“A Polícia Federal teve o pedido de prisão preventiva de Guido Mantega negado por falta de motivos. Por isso insistiram na prisão temporária. Guido não está no governo, não ocupa cargo público e nem exerce nenhuma atividade que possa constranger testemunhas ou atrapalhar as investigações. Ele tem endereço fixo e conhecido. Retirá-lo à força do hospital, enquanto acompanhava a cirurgia da esposa alegando que o motivo é o grupo político a qual pertence, é um espetáculo lamentável que ultrapassa os limites da razoabilidade e desmerece a instituição federal. É uma prisão para fins eleitoreiros e midiáticos.”

 

Bresser-Pereira

Perversidade

No Facebook, o ex-procurador-geral do Estado de São Paulo Marcio Sotelo Felippe, afirmou que a prisão de Mantega foi um “exercício de perversidade”.

“Ele tem residência certa, todo mundo sabe onde encontrá-lo e não há qualquer justificativa para uma prisão nessas circunstâncias. É puro exercício de perversidade, mais uma vez espetacularização do processo e mais uma vez o fascismo (a violência desmedida do Estado) tumultuando o país. Resta acrescentar que quem não sabe o que a polícia faz na periferia contra os excluídos pode ter uma boa noção por esse episódio”.

 

Nota da Bancada do PT na Câmara

“A Bancada do PT na Câmara dos Deputados repudia, com toda a veemência, mais uma ação seletiva e abusiva da investigação da Lava Jato, desta vez com a prisão temporária do ex-ministro Guido Mantega, ocorrida quando ele acompanhava, em um hospital, um procedimento cirúrgico pelo qual passava sua esposa.

Infelizmente, agentes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal têm cometido regulamente abusos gravíssimos, que neste caso viola a dignidade e os direitos fundamentais de Mantega e de sua família.

O ex-ministro jamais se recusou a colaborar com a Justiça. Esta ação, neste momento pessoal delicado em que ele, obviamente, não poria qualquer obstáculo as investigações, é absolutamente desnecessária e abusiva.

Tal ação de prepostos da PF e do MPF fere os direitos fundamentais e o Estado de Direito, constituindo-se num espetáculo político de caráter seletivo que visa atacar o Partido dos Trabalhadores.

Infelizmente, a sociedade brasileira tem acompanhado a repetição de ações e medidas de exceção perpetradas por setores do Judiciário e do Ministério Público, configurando um regime de exceção inaceitável.

Tendo em vista a proximidade das eleições municipais, é deplorável que promotores espetacularizem a investigação da Lava Jato e, sem provas e por mera convicção, acusem o ex-presidente Lula.

Resta óbvia a orientação político-partidária da investigação: atacar o Partido dos Trabalhadores e tentar inviabilizar uma candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República em 2018.

Lamentamos que instituições tão caras à democracia estejam sendo usadas por alguns de seus agentes para interferir na disputa política no Brasil.

Denunciamos essas ações incompatíveis com a presunção da inocência, o direito de defesa e obrigatoriedade da apresentação de provas pela acusação.

Não passarão!

Brasília, DF, 22 de setembro de 2016.

Dep. Afonso Florence (PT-BA)
Líder do PT na Câmara”

 

Nota da Bancada do PT no Senado

“A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado recebeu com extrema indignação a notícia da prisão do ex-ministro Guido Mantega, em cumprimento a um mandato expedido pelo juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro.

O repúdio a essa ação da Polícia Federal é ainda maior em razão das condições desumanas, arbitrárias e, mais uma vez, espetaculosas como foi realizada, sendo o ex-ministro preso por agentes do Estado em um hospital enquanto acompanhava a mulher numa internação cirúrgica a que se submeteria para tratamento de câncer.

O desrespeito às regras mais básicas da dignidade humana e do Estado Democrático de Direito extrapola o limite das “tristes coincidências” com que integrantes da força tarefa da Operação Lava Jato tentam escusar o odioso abuso este que se soma a um rol de outros já perpetrados pretensamente em nome da lei.

À luz do que precede, os senadores petistas vêm prestar solidariedade ao ex-ministro Guido Mantega e a sua esposa e externar seu mais profundo repúdio a mais essa ação pirotécnica realizada sob o manto do Estado, que contribui para fragilizar a crença nas instituições democráticas e na lisura e isenção das operações efetuadas pela Lava Jato.

Bancada do PT no Senado Federal”

 

Nota da Oposição no Senado

“NOTA: Prisão do ex-Ministro Guido Mantega

A prisão do ex-Ministro Guido Mantega constitui mais uma prova do esquema de ilegalidade e de propaganda política que caracteriza a Operação Lava Jato.

Os principais objetivos da campanha judicial, policial e midiática da Lava Jato, operação desencadeada e coordenada pelo Juiz Sergio Moro e pelos procuradores de Curitiba são:  criminalizar o Presidente Lula, impedir que seja ele candidato a presidente nas eleições de 2018, desmoralizar o PT, caracterizá-lo como partido corrupto e destruí-lo como força política.
O ex-Ministro Guido Mantega foi preso no Hospital Albert Einstein no momento em que sua esposa iria iniciar uma cirurgia de caráter grave.

Mantega nunca se recusou a prestar esclarecimentos à Justiça, não se encontrava foragido da Justiça nem pretendia se colocar fora do alcance da Justiça.

Sua prisão em ambiente público, com aviso prévio aos meios de comunicação, sem necessidade, baseada em uma hipótese, ocorre no momento em que se desenrola a campanha eleitoral e demonstra o objetivo de criar comoção midiática e influir sobre as eleições.

O pedido de prisão teria sido feito em julho a Sergio Moro, que autorizou em agosto  e, convenientemente, somente agora foi efetuada.

As circunstâncias da prisão procuram caracterizar Guido Mantega, ex-Ministro do PT nos Governos Lula e Dilma, como indivíduo de alta periculosidade que teria o intuito e a capacidade de resistir ao mandado de prisão e que já seria culpado.
Os juristas e advogados brasileiros, assim como as lideranças e organizações sociais têm a obrigação de se pronunciar e de se organizar para enfrentar as reiteradas infrações à Lei cometidas por Procuradores Federais, por delegados da Polícia Federal e por Juízes, por ação ou omissão, contra os princípios básicos do Estado de Direito, da democracia e dos direitos individuais de todos os brasileiros.

Senador Lindbergh Farias
Líder da Oposição no Senado Federal”

 

PT de Pernambuco

“NOTA DO PT PERNAMBUCO

O PT de Pernambuco repudia a prisão de Guido Mantega, agravada pela circunstância cruel de ocorrer num hospital em que acompanhava um tratamento de câncer de familiar. Uma atitude perversa e desumana como costuma ser planejado pelas polícias políticas quando se pretende criminalizar inocentes e gerar constrangimentos e execração pública

Denunciamos mais um passo largo de setores do Estado adentrando no sombrio terreno dos regimes de exceção.

Essa arbitrariedade ocorre há pouco mais de 20 dias após a democracia ser violada com a prolongada farsa do impeachment, sem crime de responsabilidade e com a deposição de uma presidente legítima e honesta num conluio para colocar no poder notórios investigados por denúncias de corrupção, aliados aos derrotados nas eleições livres e diretas de 2014, estes também alcançados por graves denúncias e consistentes provas de improbidade.

Ocorre menos de uma semana após a maior liderança popular da história brasileira, o ex-presidente Lula, ser denunciado sem provas e com clara manipulação política e midiática, com o indisfarçável objetivo escuso de produzir efeitos nas eleições municipais e nas eleições de 2018. Também repudiamos o revoltante e interminável ciclo de devassa e de perseguição contra Lula, alcançando até os seus filhos e netos.

Essas violências recentes, somadas a outras tantas no último ano, evidenciam que a sociedade e a democracia estão sob a grave ameaça da partidarização da Justiça, na qual setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal agem articulados, numa ação sincronizada para perseguir e criminalizar, numa nova e esdrúxula forma de fazer política.

Magistrados como Sérgio Moro e Gilmar Mendes sequer tentam disfarçar mais as suas preferências políticas e o desvio de conduta ao utilizar a importante função judicial para produzir resultados político-partidários. Seja nas suas ações, seja nas suas omissões. Em Curitiba, fica cada vez mais óbvio que inexiste independência funcional e postura imparcial entre o juiz e os procuradores. Todos são acusadores e, seletivamente, de petistas.

Sempre com dois pesos e duas medidas. Para tentar criminalizar o PT recorrem a artifícios condenáveis como o domínio do fato, a presunção da culpa, as convicções de conveniência. Qualquer delação que lhes convém é escolhida como motivo para decretar prisão permanente.

Para os seus preferidos políticos reservam, desavergonhadamente, a impunidade e a omissão. Relevam-se gravações como as de Sérgio Machado, ignoram-se delações e listas contundentes como a da Odebrecht. Nada se faz em relação às denúncias e às provas exuberantes contra Aécio Neves, José Serra, Sarney, Fernando Henrique Cardoso, dentre vários outros agraciados com a impunidade amiga. Não se apura, nem se prende ninguém, nos escândalos tucanos do metrô, do rodoanel, da merenda escolar, do centro administrativo de Minas, do helicóptero com cocaína, dentre tantos outros.  As mesmas empresas fizeram milionárias doações a todos os partidos, mas as do PT são tratadas como propina e a dos outros como assunto normal e até passível de anistias obscuras.

As graves denúncias sobre os desvios em Pernambuco logo desapareceram do noticiário e os laranjas logo foram libertados. Moro devolve o passaporte da esposa de Eduardo Cunha e sequer a localiza para intimar, apesar das provas gritantes dos seus atos de improbidade. O próprio Eduardo Cunha continua livre, após a Justiça se omitir, durante longos 04 meses, para que ele presidisse a primeira parte da fraude do impeachment.

Não vamos nos intimidar por essas práticas ditatoriais e manipuladoras ! Vamos continuar defendendo a democracia e o combate à corrupção, que também se inclui no legado e nas transformações que o PT fortaleceu e inovou na vida brasileira. Sem parar de denunciar a utilização de investigações ou a sua condução seletiva, por agentes do Estado, para produzir resultados políticos e partidários. Continuaremos firmes nessa luta, com muito orgulho de ser petistas e de compartilhar a nossa profunda e ativa indignação diante de uma ditadura que obviamente está em avançado processo de formação, ameaçando o Brasil, a democracia e a cidadania dos brasileiros.

Nossa solidariedade a Guido Mantega ! Nossa indignação às arbitrariedades que ele e sua família estão sofrendo ! Nosso repúdio às manipulações e à seletividade por conhecidos agentes do Estado e do sistema judiciário brasileiro.

Recife, 22 de setembro de 2016.

BRUNO RIBEIRO DE PAIVA

Presidente Estadual do PT”

 

Da Redação da Agência PT de Notícias