As manifestações dos estudantes de São Paulo contra o fechamento de escolas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) serviram de incentivo aos jovens gioanos. Na última quarta-feira (9), os estudantes de Goiás ocuparam o Colégio Estadual José Carlos de Almeida contra a tentativa de privatização do ensino público pelo também tucano Marconi Pirrilo.
O governador Perillo publicou decreto que autoriza o estado a contratar organizações sociais (OSs) privadas para dirigir 200 escolas estaduais. Em entrevistas, ele e a secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, têm afirmado que “empresários são melhores gestores do que os educadores”.
Plano antigo de Perillo, a terceirização da gestão escolar foi confirmada logo nos primeiros dias do ano, quando iniciou seu novo mandato.
Para os estudantes, a terceirização enfraquece ainda mais a qualidade do ensino público, ao prejudicar a carreira docente e transferir recursos do estado para empresas privadas.
O movimento, que tende a aumentar com novas ocupações a partir desta sexta-feira (11), espalhando-se pelas periferias e pelo interior do estado, começou no JCA por uma questão simbólica.
“No ano passado, Marconi fechou a escola alegando reforma. E não reabriu dizendo que a baixa demanda não justificava a abertura. É o patrimônio público dilacerado e abandonado. Nas periferias, as salas de aulas de aula estão superlotadas”, conta o estudante Gabriel Tatico, 19 anos.
De acordo com ele, o movimento já conta com apoio de diversas entidades sindicais além dos professores, como médicos. E até taxistas já manifestaram apoio.
A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) esteve, nesta quinta-feira (10), em reunião com dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
As duas entidades querem audiência com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para discutir aspectos relacionados a recursos federais que poderão ser destinados a essas organizações privadas.
“Como vão ficar os recursos do Fundeb, programas como o dinheiro direto na escola, o do livro didático?”, questiona a presidenta do Sintego, Bia de Lima.
Nesta semana, o Sintego enviou ofício ao presidente do Conselho Nacional de Educação, Gilberto Gonçalves Garcia, solicitando parecer da entidade sobre a legalidade da administração de escolas públicas pelas organizações sociais. Uma das preocupações do sindicato é com repasses de recursos federais diretamente a essas organizações.
Na terça-feira (8), em audiência pública do Fórum Estadual de Educação na Assembleia Legislativa de Goiás, o diretor da Faculdade de Educação da Unicamp, Luiz Carlos Freitas afirmou que transferir a gestão escolar para OSs é privatizar o ensino.
Segundo ele, em outros países em que o modelo foi implementado, primeiro houve parceria com OSs e, na sequência, com empresas. O objetivo é sempre o mesmo: cortar gastos com salários.
“Em todo o mundo, essas entidades são conhecidas por precarizar as condições de trabalho e pagar baixos salários”, acrescentou.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Rede Brasil Atual”