Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, anunciaram, nesta quarta-feira (17), o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Além disso, Obama prometeu intermediar, junto ao congresso americano, a derrubada do embargo econômico à ilha cubana. O anúncio aconteceu após 53 anos de ruptura entre os países.
Para Obama, o longo período de isolamento mantido pelos Estados Unidos mostra que a atitude não funcionou. “Os cubanos têm um ditado: ‘No és facil’, ou ‘não é fácil’, mas hoje os Estados Unidos querem ser um parceiro no sentido de tornar a vida dos cubanos comuns um pouco mais fácil, mais livre, mais próspera”, declarou o presidente americano.
Em pronunciamento aos cubanos, Raúl Castro comemorou a decisão e defendeu o fim do embargo econômico a Cuba. “O embargo continua por enquanto, causando prejuízos enormes ao nosso povo. Isso precisa acabar”, disse.
Com o restabelecimento das relações diplomáticas, serão facilitadas as viagens de americanos a Cuba. Também houve autorização de vendas e exportações de bens e serviços dos EUA para a ilha, além da liberação para importação de bens de até US$ 400 de Cuba.
A decisão também vai interferir no acesso dos cubanos à telecomunicação e internet, pois haverá esforço conjunto para melhorar este serviço.
A distensão entre os dois países foi possível porque Cuba libertou o prisioneiro americano Alan Gross. Em troca, três agentes de inteligência cubanos, presos nos EUA, puderam voltar à ilha. Gross passou cinco anos preso em Cuba, acusado de espionagem.
A decisão, divulgada no dia do aniversário de 78 anos do papa Francisco, contou com apoio do pontífice e também do Vaticano. Segundo Obama, o papa pressionou pela liberação de Gross. No pronunciamento, Castro agradeceu pelo apoio do Pontífice.
Em comunicado divulgado após o anúncio, o Vaticano informou que o Papa Francisco ficou “fortemente satisfeito pela histórica decisão”. Segundo a Santa Sé, o pontífice escreveu a Barack Obama e Raúl Castro nos últimos meses e os convidou a dar início a uma nova fase de relações.
“A Santa Sé continuará apoiando as iniciativas que as duas nações empreenderão para crescer nas relações bilaterais e favorecer o bem-estar de seus respectivos cidadãos”, disse o Vaticano, em nota.
Bloqueio – Estados Unidos e Cuba não se relacionavam desde 1962. O embargo econômico é renovado anualmente pela Lei de Comércio com o Inimigo e, a partir de 1963, também pela Regulação de Controle dos Bens Cubanos.
O embargo tem impedido trocas comerciais entre os dois países. Com uma lei de 1992 e outra de 1996, os EUA proíbem, por exemplo, envio de alimentos à ilha caribenha e torna possível a punição judicial a empresas nacional e estrangeiras que tenham relações financeiras com Cuba.
Além disso, os americanos precisavam de licença de viagens para ir a Cuba. O governo de Barack Obama, no entanto, havia reduzido as restrições, em 2009, para programas acadêmicos, religiosos ou culturais.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias