A presidenta Dilma Rousseff permanece sob monitoramento dos órgãos de segurança e espionagem norte-americanos, passados cerca de um ano e meio desde que ela reagiu à divulgação de que vinha sendo vítima sistemática de “grampo” com o cancelamento de uma viagem a Washington.
Reportagem do jornal “The New York Times” desta semana mostra que a espionagem contra Dilma ainda pode estar ocorrendo, enquanto a chanceler Angela Merkel (Alemanha) e outros líderes nacionais já estariam livres do assédio eletrônico.
“Obama nunca disse quem, além de Merkel, ele tirou a lista de líderes estrangeiros cujas conversas são monitoradas”, afirma a publicação.
“Parece que os programas no México e Brasil continuaram, enquanto várias dezenas de líderes foram removidos”, completa.
Para o periódico, a NSA, a agência nacioanal de segurança norte-americana, que atua agregada à Central Security Service Public Information (da sigla CSS ou Serviço Central de Segurança), mantém a presidenta brasileira sob vigilância.
As desculpas apresentadas por Obama a Dilma na ocasião (2013) parecem não ter surtido qualquer efeito prático, senão do lado brasileiro. A repentina e brusca suspensão da viagem, que estava agendada com o presidente Barack Obama, sensibilizou e constrangeu a relação entre os dois países, pelo caráter eminentemente retaliatório que assumiu com a reação de Dilma.
A presidenta fez questão de usar a abertura da 68ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para expor ao mundo, em discurso transmitido a todo o planeta, os desmandos da NSA, com duras críticas à espionagem da agência – inclusive contra líderes aliados, como Brasil e Alemanha.
Consultado na manhã desta quarta-feira (4) pela Agência PT de Notícias, o Palácio do Planalto não formalizou qualquer reação à nova denúncia, embora haja expectativa de que o serviço de segurança institucional da Presidência emita algum posicionamento em relação à persistente ingerência estrangeira na vida da mandatária brasileira.
O recém-eleito líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), defendeu uma ação mais incisiva e contundente da diplomacia brasileira com relação ao episódio.
“Na votação do marco civil, quando defendemos que o banco de dados deveria ficar no país de origem, derrubaram”, lamentou.
Pela Constituição brasileira, a privacidade, o sigilo da correspondência, inclusive telefônica e eletrônica (internet), são princípios fundamentais à proteção do cidadão e uma de suas cláusulas pétreas, irremovíveis, do capítulo dos direitos individuais.
O caso se tornou público em setembro de 2013, numa reportagem do programa “Fantástico”, da Rede Globo, em parceria com o repórter Glenn Greenwald. Ele tinha documentos que comprovavam a espionagem contra Dilma e principais assessores. A origem da documentação foi o ex-analista da NSA Edward Snowden, responsável pelo vazamento internacional do esquema de espionagem americano. Snowden vive sob proteção, como foragido, na Rússia.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias