O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de um ex-assessor parlamentar do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho mais velho de Jair Bolsonaro, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, de acordo com o Estadão. O relatório do Coaf foi anexado pelo Ministério Público Federal à investigação que apura um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e prendeu dez deputados estaduais, no dia 8 de novembro.
Fabrício José Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro deste ano. O ex-assessor, que também policial militar, atuava como motorista e segurança do filho de Bolsonaro. O Coaf é a unidade responsável por monitorar e receber todas as informações dos bancos sobre transações suspeitas ou atípicas.
O órgão informou que foi comunicado das movimentações de Queiroz porque elas são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar, segundo reportagem do Estadão.
Ainda de acordo com o jornal, o relatório do Coaf também aponta que foram encontradas transações envolvendo dinheiro em espécie, ainda que Queiroz exercesse uma atividade cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.
Transações mapeadas e Michelle Bolsonaro
As movimentações suspeitas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro foram descobertas após o MPF pedir que o Coaf mapeasse todos os funcionários e ex-servidores da Alerj citados em comunicados sobre transações financeiras suspeitas. O conselho organizou os dados para os procuradores em uma lista com 22 nomes.
O motorista do senador eleitor é o 20º no documento, que reúne informações sobre R$ 200 milhões em transações de contas de funcionários do legislativo fluminense. Na conta de Queiroz foi identificada a movimentação de R$ 1,2 milhão no período de um ano.
Citada no relatório entregue ao MPF, consta a transação do ex-assessor de um cheque de R$ 24 mil para a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. O cheque foi compensado em favor da esposa do presidente eleito Jair Bolsonaro e consta na lista de valores pagos por Queiroz.
“Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, diz o documento do Coaf.
Saques e “tentativa de burlar controles”
Ainda segundo a reportagem, os técnicos do Coaf encontraram cerca de R$ 320 mil em saque na conta do ex-assessor. Do total, R$ 159 mil foram sacados em agência bancária no prédio da Assembleia, no centro do Rio de Janeiro. O relatório do conselho aponta também transações suspeitas entre funcionários da Alerj.
O Coaf informou ainda que recebeu o comunicado do banco sobre 10 transações “fracionadas” no valor total de R$ 49 mil, o que poderia configurar uma “possível tentativa de burla aos controles”. No relatório consta que “a conta teria apresentado aparente fracionamento nos saques em espécie, cujos valores estão diluídos abaixo do limite diário”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Estadão.