O Brasil encerrou 2015 com desaceleração da inflação. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na sexta-feira (8/1), a inflação oficial do mês de dezembro fechou com variação de 0,96% – o equivalente a 0,05 ponto percentual abaixo da taxa de novembro (1,01%).
Somados os 12 meses de 2015, a inflação foi de 10,67%. Apesar de o número estar acima do teto da meta fixada pelo Banco Central (6,5%), o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que, para 2016, controlar a inflação é prioridade do governo. “O Banco Central do Brasil está empenhado em adotar as medidas necessárias para alcançar o centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional até o final de 2017. Nesse processo, o Ministério da Fazenda contribuirá no combate à inflação mediante a adoção de ações para o reequilíbrio fiscal e para o aumento da produtividade da economia”, assegurou o ministro em nota oficial.
Em carta ao Ministério da Fazenda, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, garantiu que 2016 terá um “processo desinflacionário significativo”, incluindo a adoção de medidas para manter a inflação abaixo de 6,5% em 2016.
“Adicionalmente, em 2016, a inflação mensal mais alta, impactada pelo realinhamento de preços relativos, cederá lugar a valores que refletirão melhor o estado corrente das condições monetárias, levando a um processo desinflacionário significativo”, consta na carta. Tombini encerra o documento afirmando que “o Banco Central adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos d o regime de metas”.
A carta do Banco Central está disponível no endereço aqui.
A inflação é aferida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que se refere à alta de preços que afeta famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos e abrange 11 das principais regiões metropolitanas do país (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Vitória e Porto Alegre, Brasília), em Goiânia e Campo Grande.
Crise fica para trás – Na quarta-feira (6), o professor e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou que “o Brasil está saindo da crise “. Em sua página pessoal no Facebook, o economista publicou: “Pois bem, afinal as notícias começam a confirmar minha previsão. O superávit comercial de 2015 foi “supreendentemente” maior do que se esperava. E hoje o Valor informa que os bens industrializados voltaram a liderar as exportações depois de um longo inverno de liderança das commodities”.
Ministro da Fazenda de José Sarney e ministro chefe da Secretaria da Administração Federal (SAF), da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia em diferentes momentos dos mandatos de FHC, Bresser-Pereira afirmou, com base no comportamento dos preços macroeconômicos, principalmente da taxa de câmbio, que a economia brasileira logo sairá da recessão. “Ela já está além do equilíbrio competitivo, que estimo ser hoje de cerca de R$ 3,80 por dólar, as boas empresas brasileiras voltaram a ser competitivas”, explicou.
O professor se referia à notícia de que a balança comercial de 2015 encerrou o ano com superávit de US$ 19,7 bilhões, muito acima da expectativa. Nessa conta, os industrializados voltaram a ter participação maior do que a metade das exportações totais, saindo de 48,5% em 2014 para mais de 51,9%. Esses números foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Em 2015, o Brasil registrou US$ 191,1 em exportações e US$ 171,4 em importações. De acordo com o ministério, o resultado anual é o melhor desde 2011, que teve superávit de US$ 19,7 bilhões. O governo tinha como previsão, para 2015, de um superávit de 15 bilhões.
O economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), acredita que 2016 será o ano para deixar a crise para trás. Espera uma inflação menor e considera a expansão das exportações um fator importante para a recuperação e retomada do crescimento econômico em 2017.
“Começamos o ano com um salário mínimo maior. Isto é uma proteção grande para a pirâmide social brasileira, apesar da inflação mais alta, pois suas remunerações estão garantidas”, argumenta. Esses setores estarão garantidos pelos programas de transferência de renda e por programas como Minha Casa, Minha Vida e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “É um horizonte de preparação, em 2016, para o crescimento em 2017”, afirmou em entrevista à Agência PT na terça-feira (5).
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Da Redação da Agência PT de Notícias