O bolsonarismo sofre nova derrota. O Facebook desmascarou o envolvimento de assessores do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos nas milícias digitais que atuam em redes sociais, promovendo linchamentos e ataques diretos a adversários e autoridades públicas.
Depois da ofensiva do Supremo Tribunal Federal, que flagrou empresários e ativistas ligados ao chamado ‘Gabinete do Ódio’, atuando diretamente dentro do Palácio do Planalto, na guerra contra instituições democráticas, o cerco a Bolsonaro se aperta.
Confirma-se agora o que o PT já vinha apontando desde 2018, quando foi vítima dos ataques virulentos de Bolsonaro e suas milícia: o esquema de ‘fake news’ é o coração da máquina política do presidente da República. A decisão do Facebook de remover 73 contas falsas ligadas a Bolsonaro e aos filhos Flávio, Carlos e Eduardo escancara a estratégia do líder da extrema-direita.
Ainda na quarta-feira, 8, a oposição requereu ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, que investigue a ligação de assessores de Bolsonaro, seus filhos e aliados com as contas falsas derrubadas pelo Facebook. Moraes é o relator do inquérito que investiga os ataques feitos pelas milícias digitais ao STF e ao Congresso.
A hora do impeachment chegou
“A mentira move o bolsonarismo. O que eram denúncias agora se materializam no bloqueio justificado pelo Facebook. Rodrigo Maia precisa dar andamento a um dos 48 pedidos de impeachment e colocar o presidente da República para enfrentar as denúncias pelos crimes de responsabilidade que cometeu”, critica Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT.
O assunto ainda reforça a estratégia dos parlamentares do PT e dos partidos de esquerda que estão à frente da CPMI das Fake News de denunciar as mentiras como instrumento de disputa política e, agora, a materialidade da existência do bunker de fake news funcionando a todo vapor dentro do governo. A mentira foi desmascarada. “Não só a as apurações sobre a existência de uma organização criminosa, mas da própria existência do ‘Gabinete do Ódio’, que é público e notório, mas que eles vinham negando”, disse a deputada Natália Bonavides (PT-RN), que integra a comissão.
Atuação do assessor de Bolsonaro
Levantamento do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council, em parceria com o Facebook, aponta ligação de Tércio Arnaud Tomaz, assessor especial de Bolsonaro, com esquema de contas falsas nas redes sociais banidas pela empresa nesta quarta-feira. Além do assessor especial de Bolsonaro, cinco assessores de parlamentares, entre eles um funcionário do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foram identificados como parte do esquema de desinformação no Facebook e no Instagram.
Foi do computador de Tércio Arnaud, localizado no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete do presidente da República, que partiram ataques a opositores de Bolsonaro e, confirma-se agora, diretamente aos presidentes Rodrigo Maia (Câmara), Davi Alcolumbre (Senado) e Dias Toffoli (STF), além de integrantes de outros poderes e da oposição.
Mentiras partiram de dentro do Planalto
Sabe-se agora que a difusão de mentiras em temas como Covid eram traçadas e impulsionadas nas redes sociais diretamente do Planalto. A desinformação partiu do coração do governo. “Fica muito claro a existência de uma organização criminosa que age dentro do Palácio do Planalto e nos gabinetes parlamentares dos filhos e apoiadores do presidente”, diz o senador Humberto Costa. “É um escândalo de grandes proporções”.
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner, hoje senador pelo PT, considera que a decisão do Facebook joga luz na atuação do bolsonarismo. “Felizmente, há reações das instituições e das redes diante da onda de ódio e fake news”, comentou. “O Facebook cortou contas vinculadas ao gabinete do presidente e seus filhos, pois a plataforma está perdendo muito sua credibilidade por contribuir com o gabinete do ódio”.
O conselheiro de Trump e os supremacistas
Não por coincidência, a medida de bloqueio de contas tomada pela gigante do Vale do Silício também atingiu diretamente o marqueteiro Roger Stone, ninguém menos que o principal conselheiro político da campanha presidencial de Donald Trump em 2016. Ele e o grupo de ódio de extrema direita ‘Proud Boys’ foram afetados diretamente.
Stone foi conselheiro da campanha vitoriosa de Donald Trump à Casa Branca, em 2016, e chegou a ser preso. Agora, a empresa americana está removendo pessoas confiáveis de Trump e Bolsonaro das plataformas.
Ele foi condenado à prisão por conexão com o caso da Rússia após a eleição presidencial de 2016 por falso testemunho no Congresso e manipulação de testemunhas. Os ‘Proud boys’ disseminam ódio e promovem a supremacia branca. O Facebook já havia proibido o grupo de manter contas na plataforma em 2018. Stone tenta adiar sua prisão. Na semana que vem, ele se apresenta perante a Justiça para cumprir a pena.
Mentira como estratégia política
O ex-conselheiro de Trump é a principal estrela do documentário “Get me Roger Stone”, disponível na Netflix, em que o veterano marqueteiro dos Republicanos explica as regras para vencer corridas eleitorais. Seguem os seus cinco ensinamentos: 1) melhor ser infame do que nunca ser famoso; 2) ataque e nunca defenda; 3) nada é verdadeiro; 4) o ódio motiva mais do que o amor; e 5) para vencer, o político precisa fazer de tudo.
As sugestões de Stone foram seguidas à risca nos últimos dois anos por Bolsonaro e os filhos. Agora, o castelo de mentiras que ajudou a eleger Donald Trump e Jair Bolsonaro começa a ser derrubado. O líder da extrema-direita brasileira precisa responder pelos seus crimes e ataques à Constituição e à democracia. “Vamos para rua promover o Fora Bolsonaro”, avisa Gleisi.
Da Redação