Mais de 3,1 milhões de habitantes, de um total de 11,9 milhões que residem na maior cidade brasileira, ficaram no escuro essa semana. Todo esse contingente se viu impedido de realizar tarefas rotineiras da vida doméstica, como comer, tomar banho e navegar na internet, devido a temporais e a queda de árvores.
A estimativa foi feita pela Agência PT de Notícias com base em boletins da concessionária de energia AES/Eletropaulo. Os dados indicam o desligamento de quase um milhão de residências a partir da segunda-feira (12). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), cada domicilio da capital paulista tem, em média, 3,2 habitantes.
Cerca de 190 mil pessoas amanhecerem nesta sexta-feira (16) ainda à espera da volta da energia pela companhia elétrica. No pico dos acontecimentos, entre segunda e quarta-feira desta semana, o apagão atingiu 800 mil residências e deixou pelo menos a metade delas em modo de espera por até 36 horas.
Milhares de reclamações foram registradas nos órgãos de defesa do consumidor. A situação se tornou mais crítica ainda por conta do racionamento de água que atinge outro grande contingente da população. Na semana anterior, a empresa de energia havia sido multada em R$ 3,7 milhões por causa da demora em restabelecer a energia do hospital Amador de Aguiar.
Sequestro – A concentração e gravidade de episódios de rompimento das redes, e o consequente excesso de trabalho para restabelecer a normalidade, justificaram a demora, segundo a Eletropaulo.
Ventos fortes, temporal e oito mil raios foram responsáveis pela falta de energia, segundo a empresa. O descontrole da situação levou a cidade a viver um fato inusitado: no Butantã (zona Oeste da capital), uma equipe de funcionários de manutenção da AES foi retida por moradores, na tarde de quinta-feira (15).
A equipe e a caminhonete em que trabalhavam foram encurralados pela população numa rua sem saída, quando atuavam no atendimento a solicitações de usuários.
Eles permaneceram cercados por carros e “sequestrados” pelos moradores por 40 minutos, até que aceitaram as condições dos “algozes”: religar a luz no local. Pelas regras, o atendimento a esse tipo de ocorrência é feito por ordem cronológica. Dessa vez, o cronograma teve de ser ignorado para que fossem libertados.
Impossibilitados de fazer qualquer coisa em casa, muitos moradores ficaram sem poder transitar devido ao excesso de bloqueio de ruas, pelas enxurradas que arrastavam veículos e o grande número de semáforas desligados, por falta de energia. Dos 6.138 cruzamentos com sinal de trânsito, 102 permaneciam inativos na manhã de quarta, 15.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias