O governo progressista de Alberto Fernández demonstra mais uma vez que está no rumo certo, tanto no combate à pandemia do coronavírus quanto na recuperação da economia para construir as bases de um desenvolvimento sustentável da nação argentina. Na terça-feira (4), o Ministério da Economia anunciou um histórico acordo com seus principais credores privados para reestruturar uma dívida de US$ 66 bilhões. Pelo acordo, a Argentina pagará US$ 54,8 para cada US$ 100 em dívidas, o que permitirá ao país economizar quase US$ 40 bilhões nos próximos anos, segundo o diário ‘Página12’.
Em mais uma vitória política de sua administração, Fernández comemorou as possibilidades que o acordo representa para a soberania argentina. “Recuperamos recursos para que muitos argentinos possam ter suas casas, para que muitos empreendedores tenham acesso ao crédito para aumentar a produção e recuperar o emprego”, afirmou o presidente.
“Estamos dando mostras de coisas que podem ser feitas de maneira diferente e vamos fazer isso para todos. Sou um daqueles que acreditam que na política nada é mais importante que a palavra prometida, não mentir na política é central”, disse. De acordo com o presidente, todo argentino precisa se sentir parte dessa conquista.
O acordo é fruto de uma exaustiva negociação de quase seis meses, com governo e detentores de títulos travando uma queda de braço interminável sobre os termos da renegociação. Os credores exigiam um pagamento de US$ 56 por cada US$ 100 em dívidas, enquanto Fernández considerava US$ 53,4. Nas negociações, que contaram com a participação decisiva da vice-presidente Cristina Kirchner, o governo decidiu então antecipar os prazos de pagamento, alterando indiretamente os valores para US$ 54,80. Com isso, abriu caminho para sair da moratória, a nona na história do país.
De acordo com reportagem do diário argentino, a reestruturação reduzirá os juros pagos por títulos externos a uma taxa média de 3,07% ao ano, quando a dívida anterior pagou perto de 7%. Considerando a troca de títulos externos juntamente com a dívida local em moeda estrangeira, a Argentina terá um alívio financeiro de US$ 37,7 bilhões no período 2020-2030.
A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que o anúncio do acordo é um passo fundamental para o início da recuperação da economia argentina. “Parabéns ao presidente, ao ministro [Martín Guzmáne aos principais grupos de credores da Argentina por chegarem a um acordo sobre a dívida do país”, afirmou Georgieva, em mensagem pelas redes sociais. Ele observou que é um “passo muito significativo” e disse esperar uma conclusão bem-sucedida da reestruturação no curto prazo.
Sucesso no combate à pandemia
A reestruturação da dívida argentina deve produzir um impacto positivo na popularidade de Alberto Fernández, que já estava em alta devido à condução do governo na resposta à pandemia do coronavírus. Apesar de uma nova onda de casos de Covid-19, a Argentina conseguiu manter um número baixo de óbitos (4 mil), principalmente se comparada ao descontrole de países como o Peru (20 mil) e o Chile (9,7 mil), além do maior desastre da região, o Brasil, prestes a atingir os 100 mil mortos.
Na semana passada, Fernández anunciou a prorrogação da quarentena argentina até 16 de agosto, suspendendo a flexibilização das medidas de isolamento social. O governo também investiu na veiculação de anúncios com forte conteúdo chamando a atenção para a letalidade do vírus. O objetivo é sensibilizar uma parcela da população que ainda dúvida do perigo representado pela pandemia.
“Estamos atuando de forma adequada, mas temos que ser responsáveis”, afirmou o presidente. “Aos jovens, que tanto adoro e que têm menos possibilidades de ficarem doentes, mas podem contagiar os mais idosos, eu digo que também sinto saudades dos espetáculos, dos encontros com meus amigos e de tocar meu violão num grupo. Todos sentimos saudades dos churrascos com os amigos. Mas cada encontro desse é um risco. Peço que nos ajudem”, clamou Fernández.
Segundo reportagem da BBC, a estratégia de propaganda do governo abrange o uso de cartazes nas ruas, com mensagens atualizadas sobre a pandemia. “Não faça reuniões sociais e familiares. Continue se cuidando”, alerta um cartaz do governo, distribuído pela cidade no final de semana. “Para continuar avançando, vamos nos cuidar”, diz outro, assinado pela Prefeitura de Buenos Aires, comandada por Horacio Larreta, adversário político do presidente. Ao contrário do Brasil, a Argentina mostra que é possível a criação de uma coordenação nacional que integre governos de orientações ideológicas distintas com o objetivo de salvar vidas.
Da Redação, com informações de ‘Página12’, ‘BBC’ e ‘El País’