Partido dos Trabalhadores

FHC alimenta preconceito contra nordestinos

Para cientista político, voto do Nordeste em candidatos do PT é “perfeitamente racional”

A vida do nordestino começou a mudar há 12 anos, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, foi eleito. O Nordeste, antes deixado de lado, passou a ser valorizado e tratado com prioridade. Apesar dos incentivos mantidos pelos governos do PT e das melhorias constatadas na região, algo nunca mudou na vida das pessoas da região: o preconceito.

O desconhecimento sobre o valor cultural e econômico do Nordeste é um defeito até de quem um dia foi presidente da República. Prova disso, é o discurso separatista feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) após a expressiva votação dos nordestinos na presidenta e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff.

Em entrevista ao portal “Uol”, um dia após o primeiro turno das eleições deste ano, o ex-presidente tucano estimulou o preconceito ao sugerir que os eleitores nordestinos do PT são “menos informados e mais pobres”.

“O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”, disse o ex-presidente.

Além de estimular o discurso do preconceito, a declaração de FHC acabou por desvalorizar os votos dos nordestinos que, no passado, o ajudaram a ser eleito e reeleito presidente da República. Nas eleições de 1994 e 1998, o ex-presidente foi o candidato com o maior número de votos entre os moradores do Nordeste.

Em 1994, 8,2 milhões de nordestinos votaram pela eleição de Fernando Henrique. Em 1998, ele recebeu 7,3 milhões de votos no Nordeste.

O cientista político pernambucano Michel Zaidan rebate o preconceito de FHC e garante que o voto dos nordestinos em Dilma é “perfeitamente racional”. Para ele, a depreciação da população do Nordeste é utilizada erroneamente como forma de enfrentamento político durante o período eleitoral.

“É uma escolha racional que eles retribuam a valorização do Nordeste através do voto. Isso não é voto atrasado, nem irracional. A população nordestina é mais sensível e reconhece que houve uma mudança de tratamento após o fim do governo FHC”, explica.

Zaidan critica a gestão do ex-presidente tucano por ter promovido, em oito anos de mandato, o abandono do Nordeste. Segundo o analista, isto acentuou a regionalização da economia brasileira. O cientista político lembra que as gestões do PT na Presidência da República retomaram os investimentos e garantiram uma política de desenvolvimento na região.

“Esse preconceito contra o Nordeste já existe há anos e era alimentado pela falta de igualdade”, destaca Zaidan.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também rebateu as afirmações de FHC e classificou o preconceito contra os nordestinos como “lamentável”. Ele classificou de “absurdo” caracterizar o povo nordestino como ignorantes e desinformados, por ter votado em Dilma. “O nordestino anda de cabeça erguida porque não é mais tratado pelo governo como cidadão de segunda categoria”, disse Lula.

Incentivos – As políticas mantidas durante os governos do PT na Presidência da República para combater a exclusão social no Nordeste influenciaram a redução das taxas de analfabetismo da região.

Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as quedas mais acentuadas no número de analfabetos foram registradas na região Nordeste. Prova disso, é que, em 2004, o índice estava em 22,4%, e em 2011, o número passou para 16,9%.

De acordo com o governo federal, o Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) teve 1,7 milhão de matrículas somente no Nordeste. Além disso, o governo Dilma criou 57 novos campi de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia na região.

Atualmente, 6,8 milhões de famílias nordestinas recebem Bolsa Família, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Apesar disso, a tese que relaciona o benefício ao voto no PT é infundada. São Paulo, por exemplo, é o segundo estado com o maior número de beneficiários do Bolsa Família e fica atrás apenas da Bahia. Nem por isso Dilma foi a candidata com maior número de votos no estado, onde 1,2 milhão de pessoas recebem o benefício.

 

Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias