O escândalo na live das quintas-feiras era o prenúncio já manjado de novo aumento dos combustíveis, dolarizados desde outubro de 2016, sob o ilegítimo Michel Temer. Como Jair Bolsonaro mantém inalterada a política de preços, na manhã desta sexta-feira (17) a Petrobras anunciou reajuste de 5,1% para a gasolina e de 14,2% para o diesel, valendo a partir de sábado (18).
A gasolina já acumula alta de 31% neste ano e o diesel, de 68%. E tudo que Bolsonaro faz é pantomima para transferir a responsabilidade pela carestia dos combustíveis. Após o anúncio, ele foi às redes sociais para lembrar a greve dos caminhoneiros em 2018 e afirmar que o novo aumento “pode mergulhar o Brasil num caos”.
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Jurou ainda ser “contra qualquer reajuste nos combustíveis”, mas não explicou por que todos os seis integrantes do Conselho de Administração da Petrobrás indicados por ele – maioria em um colegiado de 11 pessoas – votaram pelo novo reajuste na reunião emergencial desta quinta. O “teatro cínico” de Bolsonaro, como afirmou o economista Uallace Moreira, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), não convence.
Bolsonaro já trocou três vezes o comando da Petrobrás. A escalada dos preços colocou na alça de mira José Mauro Ferreira Coelho, atual presidente da estatal. Sobre a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que na prática dolarizou as tarifas enquanto o país escancarava as portas para importadores de combustíveis, nenhuma palavra.
“Não só a subida de preços é um problema criado pelo governo, como deveria ser gerido pelo governo na condição de acionista majoritário da Petrobrás”, criticou na Rede Brasil Atual William Nozaki, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
“Bolsonaro está pressionado por interesses antagônicos: de um lado a urna, de outro lado a bolsa de valores. Ele vai ficando cada vez mais desesperado, e, ao que tudo indica, nessa queda de braços entre a bolsa e a urna, com essa última autorização de reajuste, é a bolsa que está ganhando”, avalia o analista.
Para a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), Bolsonaro exala covardia. “E lá vai Bolsonaro saindo pela tangente atacando a Petrobrás como se ele não fosse o presidente e responsável pela política da empresa. Tática pra fugir da raia e vender a estatal. É um covarde mesmo”, atacou em seu perfil no Twitter.
Contarato: “Bolsonaro te enganou”
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) lembrou a manobra bolsonarista no Congresso, onde o desgoverno Bolsonaro e seus aliados aprovaram projeto de lei para limitar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível. “Bolsonaro te enganou: atacar o ICMS só vai privar o povo de educação, saúde e segurança! Não vai conter os preços dos combustíveis! A Petrobrás, controlada por Bolsonaro, presenteará o povo com um aumento de até 14,25% nas refinarias!”, alertou.
“Ué! Mas não votaram (nós não!) um PLP18 inconstitucional retirando mais de 100bi da Educação, Saúde e Segurança Pública dos Estados e Municípios em ICMS pra BAIXAR os preços? Não demorou UMA semana para aparecer a verdade! Onde estão os que nos criticaram por não ter caído nessa?”, ironizou o também senador Jean Paul Prates (PT-RN).
“Estou aguardando para saber ONDE assino o pedido de Arthur Lira para abrir a CPI da Petrobrás! Quero ser o primeiro a assinar”, prosseguiu Jean Paul. “Queremos saber para onde foram os dividendos bilionários distribuídos em 100% resultantes destes preços altos e da venda de refinarias, dutos e da BR.”
Na quarta-feira (15), o ex-governador do Piauí, Wellington Dias (PT), ex-coordenador da área de ICMS no Fórum Nacional de Governadores, afirmou que a estratégia bolsonarista de usar o ICMS na política é “apenas para jogar o povo contra governadores”.
Da Redação