Florestan Fernandes completaria 98 anos de luta pelo Brasil. Considerado o fundador da sociologia crítica no país, o intelectual nasceu no dia 22 de julho de 1920 e realizou uma rica produção, que não ficou confinada ao ambiente acadêmico. Durante a Ditadura foi exilado e só retornou em 1986, quando se filiou ao PT. Pelo partido, foi deputado federal por duas vezes entre os anos de 1987 e 1995.
“Um homem que deu a vida para construir um projeto socialista para o Brasil. Alguém que queria justiça social, liberdade, igualdade e, como ele acrescentava, felicidade.” Assim, o jornalista Vladimir Sacchetta define o sociólogo Florestan Fernandes, com quem tinha uma grande amizade, herdada de seu pai, Hermínio Sacchetta.
Para Sachetta, um dos principais legados deixados pelo sociólogo foi a Escola Nacional Florestan Fernandes, criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guararema, fundada em 23 de janeiro de 2005, com o objetivo de oferecer educação, formação política e ideológica.
“Um pensador que vai sobreviver ao longo do tempo, sua obra é atual e transformadora”, diz o jornalista Vladimir Saccheta sobre Florestan ao Brasil de Fato, em 2015.
Trajetória
De origem humilde, filho de mãe solteira que prestava serviços domésticos, Florestan, ainda criança, teve que abandonar os estudos para trabalhar. “Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade”, dizia o sociólogo.
Retornou os estudos apenas aos 17, para concluir uma espécie de curso supletivo. Em 1941, com 21 anos, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, concluindo o curso de Ciências Sociais.
Em 1945, obteve seu título de mestre na Escola Livre de Sociologia e Política, com a dissertação “A organização social dos Tupinambá”. Em 1951 defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sua tese de doutorado “A função social da guerra na sociedade Tupinambá”, que posteriormente foi considerada um clássico da etnologia brasileira. Conquistou a cátedra de sociologia na USP em 1964.
Luta
Desde os anos 40, Florestan sempre esteve ligado aos movimentos populares, às organizações políticas de esquerda legais ou ilegais. “Ele era o meu guru, a minha referência na política, na ética de fazer a política. Ele era um socialista pleno. Foi uma convivência muito rica”, disse Vladimir Saccheta sobre a experiência na política que teve ao lado do sociólogo.
Florestan Fernandes foi exilado durante a Ditadura e, quando retornou em 1986, se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT). Entre os anos de 1987 e 1995, exerceu o cargo de deputado federal por duas vezes. Para Sacchetta, Florestan Fernandes “está na mesma prateleira em que está o Caio Prado, o Sergio Buarque de Hollanda, o Antonio Cândido.”
Florestan Fernandes morreu em São Paulo, no dia 10 de agosto de 1995, vítima de problemas do fígado, depois de um transplante mal sucedido.
Conheça alguns dos livros escritos pelo sociólogo
“A função social da guerra na sociedade Tupinambá”
“A revolução burguesa no Brasil”
“Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina”
“Mudanças sociais no Brasil”
“O negro no mundo dos brancos”
“O significado do protesto negro”
“Que tipo de república?”
“Florestan Fernandes e seus diálogos intelectuais”
Por Redação da Agência PT de Notícias com informações do Brasil de Fato