Em sua reunião de maio de 2016, o Diretório Nacional do PT convocou o Encontro Extraordinário do PT com o objetivo de debater “Os desafios partidários para o próximo período”, tendo em vista um necessário balanço de nossa trajetória, erros e acertos, bem como definir rumos estratégicos que nosso Partido deverá seguir no novo período histórico que vivemos no país, na América Latina e no mundo.
Nos últimos 13 anos, o PT liderou no país a implementação de um projeto democrático-popular cujos números espetaculares atraíram olhares de lideranças e pensadores em todo o mundo, até que a crise econômica mundial chegasse em nosso país (cerca de 7 anos depois da eclosão da crise mundial que atingiu todos os continentes, diga-se de passagem) e provamos a quem quer que seja que outro país é possível, que outro mundo é possível.
De 2014 para cá, a crise vem se acirrando, seja por efeitos da crise mundial, seja por ação de uma oposição anti-nacional que não hesitou em fazer de tudo para inviabilizar o mandato da Presidenta Dilma eleita por mais de 54 milhões de votos. O PT vem liderando um projeto democrático-popular que venceu 4 eleições seguidas, feito nunca alcançado e que provocou um movimento golpista por parte daqueles que não aceitaram o resultado das urnas.
Nossa militância partidária, aguerrida, combativa, corajosa, mobiliza-se de corpo e alma na luta contra o golpe, dentro e fora do país. Apenas nos meses de abril a maio deste ano, houve 419 mobilizações organizadas pela militância petista. De maio a agosto, ao mesmo tempo, o PT se mobiliza para participar das eleições municipais em 4.229 municípios onde teremos candidatos e candidatas nesta eleição. Esta militância está nas ruas participando das campanhas, debatendo os rumos deste projeto nas eleições municipais, elaborando programas de governo, debatendo as táticas eleitorais.
Como parte destas ações, a Escola Nacional de Formação, entre abril a agosto deste ano, realizou 33 cursos para mais de 2.500 pré-candidatos às eleições, em quase 600 municípios, em todas as regiões do país, mais o curso pela internet para formação de candidatos da Fundação Perseu Abramo, com mais de 1.000 candidatas e candidatos inscritos.
O PT está organizado em 5.038 municípios brasileiros (3.948 Diretórios Municipais e 1.090 Comissões Provisórias) o que representa 90% dos municípios brasileiros. De longe, é o partido mais enraizado no país, e hoje possui 1.765.624 filiados. Apesar de todo o ataque e do cerco midiático-judicial que vem sofrendo, o PT cresce em número de filiações. Para se ter uma ideia da importância e força do PT, em 2015, ano que o Partido sofreu o maior ataque, mais de 49.000 mil pessoas se filiaram ao PT, contra 23.000 desfiliações e em 2016, até julho, 23 mil pessoas se filiaram ao PT, enquanto, 9 mil se desfiliaram. Isto significa durante este período de ataque para cada pessoa que deixa o PT, duas entram no lugar.
É esse o conjunto do Partido que deve ser profundamente envolvido no debate do nosso Encontro Extraordinário. Não será um momento qualquer, ou mais um encontro partidário preparado às pressas com baixa participação de uma militância aguerrida que luta contra o golpe e que se organiza ao mesmo tempo para as disputas municipais tendo sempre no horizonte a construção de uma nova sociedade.
Essa militância tem que ser envolvida de forma muito ampla nos debates que antecederão o Encontro Nacional debatendo e elegendo delegados e delegadas que as representarão na definição dos rumos estratégicos do Partido. Portanto este processo não pode ser realizado às pressas sem o devido debate e envolvimento da base partidária e muito menos permitir que o Encontro se transforme em um “ajuste interno de contas”, fratricida e desagregador.
Com a responsabilidade que temos como direção partidária desse grande partido, que liderou um governo que tirou 40 milhões de pessoas da miséria, que colocou o Brasil no protagonismo da cena mundial, não tememos o debate ou o confronto de ideias. É um processo saudável e correto de um partido de esquerda, socialista e de massas.
Por isso, defendemos que esse Encontro seja realizado em março do próximo ano com um bom planejamento, com um processo de debates preparatórios, em todo o território nacional , envolvendo e convidando os nossos parceiros na luta contra o golpe como os do movimentos sociais, organizando etapas livres como no 5º. Congresso, debatendo com os partidos amigos do mundo, e, em especial a América Latina, envolvendo nossa fundação partidária, a Fundação Perseu Abramo, envolvendo os núcleos e petistas no exterior. Fazer menos que isso é quase um insulto aos quase 2 milhões de filiados, aos parceiros dos movimentos sociais e partidos de esquerda aliados no país e no mundo, pelo desafio que representará para futuro do PT e da esquerda.
Organizar tudo isso em exatos quarenta dias, a partir de 30 de outubro quando acontece o segundo turno das eleições municipais, até a data anteriormente definida pela CEN, 09 a 11 de dezembro, é impossível. A não ser que quiséssemos apenas fazer um “ajuste de contas” interno, cujo resultado só beneficiaria os adversários de classe que temos na sociedade brasileira.
A próxima reunião do Diretório Nacional que ocorrerá nos dias 15 e 16 de setembro deve aprovar um calendário claro dessa data até o Encontro em março, definindo o regimento, mecanismo de eleição de delegados e delegadas, encontros municipais, debates preparatórios, inclusive nas reuniões do próprio DN.
Para estar à altura do povo brasileiro, do legado de nossos governos e da militância petista, esse é o desafio!
Florisvaldo Souza é Secretário Nacional de Organização do PT