O Brasil está há mais de 12 anos sem recorrer aos empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), fonte histórica de endividamento dos cofres públicos nacionais. A atual política econômica é capaz de sustentar o crescimento econômico mesmo diante da crise internacional, manter a valorização do salário-mínimo e a meta da inflação. A instituição, que já manteve o País sob duras regras, se faz valer de relatórios pessimistas para repetir os socorros financeiros durante os mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
No último domingo, em evento de comemoração do resultado do primeiro turno, a presidenta Dilma Rousseff (PT) lembrou que a política econômica do PSDB fez o Brasil se “ajoelhar” ao FMI e pregou uma inserção internacional subordinada. “Não queremos os fantasmas do passado, a recessão e o arrocho. O povo não quer mais racionamento de energia, nem aqueles que se ajoelhavam para o FMI”, declarou
Durante as gestões de FHC, o Brasil recorreu ao FMI em três ocasiões. O primeiro empréstimo, em 1998, foi no valor de US$ 41,5 bilhões. Em contrapartida, o Brasil deveria cumprir metas estabelecidas pela instituição de ajuste fiscal e fazer duros ajustes estruturais, até 2001.
O segundo socorro aconteceu em setembro de 2001, quando a economia brasileira sucumbiu aos abalos da crise que corria no mercado internacional. Dessa vez, o valor oferecido foi de US$ 15,6 bilhões, sendo US$ 4,7 bilhões sacados no mesmo mês.
No ano seguinte, o terceiro acordo. Depois de quitar o segundo empréstimo, o governo brasileiro pediu mais US$ 10 bilhões do valor ofertado em setembro do ano anterior.
Foi no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a dívida de US$ 4,2 bilhões com o FMI foi quitada, em 2005, e colocou o Brasil no papel de credor do Fundo, em 2009, com aporte de mais de US$ 10 bilhões. Apesar do olhar incrédulo do FMI, o Brasil tem hoje reservas internacionais em torno de US$ 379,4 bilhões de dólares.
Era de arrochos – Os empréstimos tiraram o Brasil da crise, mas imergiram as classes mais baixas em uma série de arrochos e perda investimentos em políticas sociais. A desigualdade social no período era uma das maiores da história. Da década de 2000, os 20% mais ricos concentravam 63,8% da riqueza nacional, segundo artigo do então senador Aloísio Mercadante, no jornal Folha de São Paulo, em 2002.
Os volumosos empréstimos vinham acompanhados de exigências que fugiam à ordem financeira, tributária e cambial. A dependência era tamanha que os constantes relatórios e avaliações do organismo internacional chegaram a sugerir privatizações de universidades públicas, diminuição dos salários e contenção de investimentos.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias