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Focus Brasil #136: O ataque contra o Brasil

Focus repercute a incursão de Musk contra o interesse nacional. Em artigo, presidente do IBGE propõe um modelo soberano de produção e proteção de dados: “O Brasil vai criar suas próprias bases de desenvolvimento e inovação?”, provoca Pochmann

Reprodução

Os ataques sistemáticos de Musk à democracia brasileira são tema central da Focus Brasil desta semana

“O Estado brasileiro está vivendo um momento que poderia ser descrito como distópico, mas se revela um movimento organizado: o ataque orquestrado e organizado da extrema-direita, financiado por bilionários num movimento de neocolonização neoliberal do mercado de tecnologia, em busca de exploração e extrativismo”. A constatação é da Focus Brasil, em reportagem especial de capa na edição desta semana, de número 136.

A revista editada pela Fundação Perseu Abramo (FPA) revela uma “guerra fria” promovida pelas big techs, que coloca a soberania de países como o Brasil em risco. A Focus alerta que o país vive “sob ataques de desinformação com fake news, uma nova era de falsificação de imagens com uso de inteligência artificial e redes de ataques que visam fragilizar estados democráticos com o discurso da “liberdade de expressão”.”

O assunto também é explorado pelo diretor da FPA, Alberto Cantalice, na seção Carta ao Leitor. Para Cantalice, passou da hora de gigantes das redes como o X passarem por uma regulação séria no país, a exemplo de outros países. “Essa é uma demanda que as nações têm avaliado, o que tem levado os parlamentos e o Poder Judiciário mundo afora tomar medidas no sentido de criar um bloqueio para a difusão de notícias falsas”, lembra o diretor.

Para Cantalice, não resta dúvidas quanto à gravidade da ingerência de Musk no país. “Tanto assim, que o Presidente da Corte Suprema brasileira, Luís Roberto Barroso lançou uma nota pública dizendo ser obrigatório que as empresas que operam no Brasil sigam as leis do país”, observa. “Pareceria óbvia e desnecessária a proclamação do presidente do STF se vivêssemos em tempos normais”.

Em artigo, o presidente do IBGE, Marcio Pochmann chama a atenção para a estratégia dos grandes conglomerados de deixar o Brasil no escuro em relação ao processamento de dados que são estratégicos ao desenvolvimento do país. Elon Musk, por exemplo, utiliza a narrativa da defesa da liberdade de expressão para conseguir o objetivo.

“Essa pseudo “narrativa” é a ponta do míssil, pois o real problema é o uso dos recursos e dados públicos, suas leis, bases de todo o sistema de alimentação da Inteligência Artificial, das big techs, que não podem e não querem pagar pelo uso e produção de dados, que é paga pelos países”, adverte o economista. “Quanto custa manter centros de pesquisas e universidades? Quanto do balanço das big techs decorre de licenças pagas pelos países?”, indaga Pochmann, no artigo.

Ele apresenta um modelo, com base em uma reestruturação do IBGE, para que o Brasil mantenha uma base soberana de dados e consiga se defender dos ataques das big techs. “O Brasil vai ser um mero montador de carro, como foi na era industrial? Ou o Brasil vai criar suas próprias bases de desenvolvimento e inovação?”, provoca Pochmann.

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Da Redação