A edição 167 da revista Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo (FPA), traz como destaque de capa o apoio fundamental do PT e de outros partidos de esquerda à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala 6×1, que extenua os trabalhadores e não lhes permite tempo adequado para descanso, convívio com a família e outras atividades importantes para o bem estar.
A revista destaca que o apoio das siglas de esquerda foi decisivo para que a PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) alcançasse 194 assinaturas, respondendo por 61% desse total – o mínimo para que uma PEC seja protocolada na Câmara é de 171 assinaturas. “Enquanto 119 dos 194 votos saíram de partidos desse espectro político, a direita entregou 32 votos, incluindo um do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O PT registrou 68 votos”, diz um dos textos, deixando claro que para as siglas de outras correntes ideológicas os direitos dos trabalhadores não são prioridade.
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“No regime atual, profissionais podem trabalhar seis dias seguidos e têm direito a apenas um dia de descanso semanal. Na proposição protocolada em 1º de maio deste ano, Dia do Trabalhador, a parlamentar defende que o país adote a jornada de trabalho de quatro dias, e prevê mudanças no número de horas trabalhadas. A proposta da deputada é de redução da carga de trabalho semanal para 36 horas. Ela também propõe a jornada de trabalho de quatro dias por semana”, detalha a Focus Brasil, que também apresenta a lista dos 68 parlamentares petistas que assinaram a PEC.
Além disso, a revista sublinha que o PT também trabalha para encaminhar as PECs já protocoladas pelo partido desde 2005.
Artigo
A Focus Brasil #167 traz ainda artigo de Alberto Cantalice, diretor da FPA, sobre esse assunto. Intitulado “Carga horária estressante massacra o trabalhador”, o texto afirma que os avanços científicos e tecnológicos promoveram a robotização das fábricas e a substituição da mão de obra por máquinas e equipamentos. “A introdução dos caixas automáticos, por exemplo, fizeram decrescer enormemente o número de trabalhadores do setor bancário”, escreve Cantalice.
“O jovem brasileiro prestes a ingressar no mercado de trabalho encontra poucas opções de empregabilidade. Isso ameaça o futuro e cria uma situação de desalento. Por outro lado, alguns setores de mão de obra intensiva, como o comércio e os serviços, vivem uma espécie de ‘uberização’ ou ‘plataformização’ do trabalho. Em uma escala de 6×1, onde os trabalhadores veem seu horário de descanso reduzido. Um desatino”, prossegue o diretor da FPA.
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Além disso, o artigo enfatiza que o futuro do trabalho necessariamente passará pela redução drástica da carga horária, para que se possa ampliar o número de trabalhadores contratados. “Várias experiências de diminuição da semana de trabalho em escala 3×4 têm sido observadas em vários países do mundo, onde se nota um aumento crescente da produtividade do trabalhador sem interferência na lucratividade das empresas”, diz o texto, pontuando que cabe “às forças progressistas saírem do imobilismo e das questões individuais a partir para a construção de projetos mais coletivos”.
G20 Social
Entre outros textos, a revista traz também matéria sobre a realização, no Rio de Janeiro, da Cúpula do G20 Social, que começou na quinta-feira (14) e é uma das inovações da presidência brasileira no G20 – grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Africana e a União Europeia. O encontro permite que representantes de movimentos sociais apresentem, no evento, demandas que serão entregues formalmente aos líderes dos países do G20, durante cúpula que será realizada na segunda-feira e na terça-feira (19).
Confira a íntegra da Focus Brasil #167 clicando aqui.
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Da Redação