O afastamento do cargo de ministro do Planejamento não provocou a saída definitiva do senador Romero Jucá (PMDB-RR) do governo golpista de Michel Temer. A frequência de Jucá em reuniões importantes do ministério golpista e o fato de Temer não ter nomeado um substituto no Planejamento cristalizam a percepção de que ele não tem o cargo, mas segue atuando como ministro.
Somente nesta semana, Jucá participou de todos os eventos oficiais de relevância para o governo golpista, como a reunião com os governadores, a posse do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo Rabello Castro, e a reunião sobre medidas econômicas.
Jucá foi o primeiro ministro golpista a se afastar do cargo por conta de áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. Na conversa, Jucá afirma que tirar Dilma é o caminho para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato, numa prova de que o impeachment é golpe. Jucá foi apontado como destino de R$ 20 milhões em propina por Machado.
Depois de Jucá, Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle) e Henrique Alves (Turismo) deixaram o ministério após o vazamento de áudios comprometedores no âmbito da Lava Jato.
“É induvidoso que o senador Jucá era um homem forte e é ainda um homem forte do governo Michel Temer”, afirma José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União de Dilma. “Na medida em que os áudios vieram à público, ficamos sabendo o papel que ele ocupou nesse processo.”
Cardozo considera ainda que a presença de Jucá aliada ao conteúdo dos áudios evidencia a articulação golpista. “Cada vez fica mais evidente que um conjunto de lideranças políticas atuaram fortemente para afastamento da presidenta Dilma Rousseff para criação de um governo que buscasse de alguma forma um entendimento capaz de parar com as investigações de corrupção no país”, diz.
“Por que mantêm essa relação com o governo interino? O que fazem? O que querem? Os áudios são reveladores”, completa.
Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias