Partido dos Trabalhadores

Fórum Social Mundial faz jus ao lema: “resistir é transformar”

Abertura do evento nesta terça (13) em Salvador reuniu milhares de pessoas contra o golpe, em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato

Milhares de pessoas se reúnem na Praça Castro Alves durante Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial em Salvador

Pouco antes do horário previsto para o início da Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial, na tarde desta terça-feira (13), o Largo do Campo Grande, na região central de Salvador, já estava tomado. Milhares de vozes e bandeiras das mais variadas frentes de luta se uniam para fazer jus ao slogan escolhido para a edição deste ano do evento, que acontece na capital baiana até o próximo dia 17: “Resistir é criar. Resistir é transformar”. 

Durante a marcha, cujo desfecho se deu na histórica Praça Castro Alves,  ficou claro que, por resistência, entende-se  também lutar até o fim pela permanência dos direitos usurpados durante o governo ilegítimo de Michel Temer, pela manutenção da democracia abalada desde o golpe imposto à presidenta eleita Dilma Rousseff e o consenso de que o ex-presidente Lula, que estará em Salvador na quinta-feira (15) para participar do evento, tem sido vítima de perseguição política e tem o direito de ser um dos candidatos às eleições de 2018.

Esses, aliás, eram alguns dos lemas defendidos pela Tenda Da Fé, grupo de mulheres que desde 2016 se unem para protestar contra as arbitrariedades do judiciário brasileiro e em defesa do ex-presidente Lula. ” Começamos a nos encontrar na Praça do Derby, que hoje chamamos Praça da Democracia de tantos eventos que realizamos por lá. Desde o impeachment da Dilma a gente sabia que a luta seria grande, mas nunca desistimos. Estamos com Lula até o fim. Ele é o nosso eterno presidente”, afirma a engenheira Elzi Aquino.

Grupo Tenda da Fé formado por mulheres em defesa de Lula e da democracia

Opinião semelhante tem o produtor cultural Madiba Freitas, que vê no Fórum uma grande oportunidade para debater temas sociais que são de fundamental importância para o país, além de criar uma nova trincheira de resistência contra os desmandos do governo federal.

“O Fórum Social, além de ser espécie de anti-Davos (cidade suíça que recebe o Fórum Econômico Mundial), tem tudo para ser um evento voltado para desmascarar o golpe. Temos que levar a discussão para todos os campos e é obrigatório incluir neste debate a defesa do presidente Lula. Aliás, apesar do Fórum ter sido criado em 2001, foi durante o governo Lula que o evento se fortaleceu e ganhou novas dimensões. Ele sempre incentivou as iniciativas populares e por isso queremos ele de volta”, conclui Freitas.

Produtor cultural Madiba Freitas acredita que o Fórum dará visibilidade na luta contra o golpe

Causa indígena

Tanto no Largo do Campo Grande quanto na Praça Castro Alves, a presença de lideranças indígenas dava ainda mais força ao discurso de resistência do evento. E, além de proferirem palavras de ordem contra o golpe, muitos deles também lembravam do legado deixado pelo governo Lula em relação às demarcações de terras e à proteção das tribos agora ameaçadas pela postura entreguista de Temer.

“A demarcação de terras indígenas está ameaçada desde que Temer assumiu o poder. Temos que mostrar a todos os brasileiros o que este governo ilegítimo está fazendo com o país. Durante o governo Lula tínhamos total abertura para o diálogo e nossas reivindicações sempre foram atendidas. Por isso queremos ele de volta”, avalia o pataxó Kâhu, integrante do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).

Pataxó Kâhu, do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba)

 Movimento Negro

Com vasta programação dedicada ao estudo de políticas de inclusão racial, o Fórum Social Mundial mostrou desde o seu primeiro dia que terá grande presença movimentos negros. Fato que para a militante Edenize Santana, é primordial para resistir aos retrocessos do governo federal.

“Salvador é uma terra de muitas histórias , de muita luta, e está ligada a origem do Brasil. Por isso estamos aqui. Para manter o foco no que mais nos interessa no momento: manter os nossos direitos conquistados durante o governo Lula e combater os verdadeiros inimigos do país”.

Para Edenize, o judiciário brasileiro é que deveria estar sendo julgado. “Neste momento, aqui no Fórum Social Mundial, nossa missão é defender Lula e mostrar que juízes como Sérgio Moro é que deveriam estar presos. Lula foi e ainda é a nossa maior referência política e o único que pode salvar o país”.

Edenize Santana, integrante de movimentos negros de Salvador

Força das Mulheres

“A nossa luta é todo dia”, cantavam em coro centenas de mulheres nas ruas da região central de Salvador. Entre elas, estava Inês Ulhoa, integrante do coletivo de Mulheres com Lula pela Democracia, de Brasília. Para ela, o golpe deve, sim, ser visto como questão de gênero, dado o tratamento sofrido pela presidenta Dilma. “Viemos ao Fórum para mostrar que o golpe também foi machista e misógino e que a nossa luta não vai deixar isso acontecer outra vez”.

Inês também defende a inclusão nas pautas dos movimentos feministas a defesa do ex-presidente Lula. “Os governos do PT sempre deram equilíbrio às causas de gênero e elegeram a primeira presidenta deste país. E defender o Lula é também defender a democracia e os nossos direitos. Por isso estamos com ele” conclui.

Inês Ulhoa (à direita) do Coletivo Mulheres com Lula e pela Democracia, de Brasília

Programação

O FSM 2018, disponibilizou o caderno de programação com o conjunto das atividades inscritas e suas respectivas salas, auditórios, espaços de exposição e das atividades culturais. O Caderno de Programação será atualizado diariamente.

Confira a Programação FSM 2018.

Por Henrique Nunes, da Redação da Agência PT de Notícias, enviado especial à Bahia