Ao longo do tempo, essa condição de privação tornou os pobres vivendo praticamente como se fossem intocáveis, tanto pela dinâmica do mercado de trabalho, como pelas ações de maior parte das políticas públicas.
No decênio entre os anos de 2002 e 2012 a pobreza decaiu 57,4% no Brasil, o que significa, em termos absolutos, que 22,5 milhões de pessoas que deixaram a condição de pobreza nesse intervalo. Este período em que a situação de intocabilidade desta parcela de pobres do país começou a se reverter é o foco da análise desta sexta edição do FPA Comunica, publicação da Fundação Perseu Abramo (FPA) que tem por base informações oficiais geradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O FPA Comunica 6, lançado nesta quarta-feira, 9, busca sinteticamente antecipar alguns dos resultados decorrentes das investigações realizadas por estudiosos e colaboradores, sendo dividido em duas partes, sendo a primeira voltada à evolução quantitativa dos pobres nos últimos dez anos no Brasil, e a segunda apresentando a composição da pobreza segunda as grandes regiões demográficas do último decênio.
A partir dos dados analisados é possível observar que, do universo dos 22,5 milhões de brasileiros que abandonaram a pobreza no último decênio, 74% deles pertenciam ao meio urbano, enquanto 26% pertenciam ao meio rural. Em 2002, a quantidade de pobres urbanos era 2,1 vezes maior que o conjunto de pobres rurais, enquanto em 2012 passou a ser 1,4 vez superior. Ou seja, percebe-se que a pobreza urbana caiu mais rapidamente que a pobreza rural.
Já sob a ótica das regiões geográficas do país, o estudo mostra que em igual intervalo de tempo, 2002 a 2012, a pobreza caiu mais acentuadamente no Sul (72%) e Centro Oeste (71,7%), e as menores taxas de redução foram apresentadas pelas regiões Norte (15,9%) e Nordeste (54,9%). De cada 10 brasileiros que abandonaram a condição de pobreza neste intervalo, 5 pertenciam ao Nordeste e 3 localizavam-se na região Sudeste.
Este e outros dados podem ser acessados no FPA Comunica 6, que pode ser baixado aqui, ou no ícone ao lado deste texto.
(Fundação Perseu Abramo)