Militante com mais de duas décadas de atuação pela cidadania e na defesa dos direitos da comunidade LGBTI, Azilton Ferreira Viana é o mais novo membro do Conselho Curador da FPA. Ele é formado em filosofia pela PUC/Minas, possui mestrado em ciência da Informação pelo PPGCI/UFMG e atualmente está finalizando seu doutorado em ciência da informação na mesma universidade
Para a Secretaria Nacional LGBT do PT, as substituições na composição do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo em 2020 trazem mudanças que refletem a realidade da sociedade pós pandemia da COVID-19. As eleições municipais, realizadas sob o protocolo de segurança sanitária, demonstraram uma mudança paradigmática e sem precedentes que alterou definitivamente nosso modo de vida e de organização social.
“Essa nova realidade transformou nosso relacionar-se com o outro e com a coletividade. Novos atores sociais surgiram e com eles um sentido novo de organização e trabalho coletivo que se espalhou em todas as esferas de organização social, inclusive nos partidos políticos”, argumenta Janaína Oliveira, secretária nacional LGBT.
Janaina Oliveira avalia que a direção nacional do PT deu um importante passo, ao indicar uma representação LGBT para compor o conselho.
“Novos tempos exigem novas respostas que sejam, ao mesmo tempo, criativas e reflitam esse novo olhar. Foi essa a mudança que a direção nacional do PT realizou ao garantir a participação de um dirigente LGBT no Conselho Curador”, diz ela.
Momento para autotransformação
A vice-presidenta da FPA, Vívian Farias, saudou a a nomeação inédita de um representante LGBTQIA+ em seu Conselho Curador. “Nosso conselho, que possui a função de fiscalização e aprovação das contas e do orçamento, também é essencial para a formulação do plano de trabalho e da elaboração estratégica de qual papel a FPA deve cumprir. Tenho a certeza que com esta valorosa e necessária nomeação, a FPA continuará na luta pela diversidade e pela aceitação de todas as formas de amar, ser e existir no nosso país”, afirma.
Vívian enalteceu também os movimentos negro, de mulheres e LGBT que atuam para que partido encabece e fortaleça as suas lutas dentro da sociedade brasileira e também promova uma autotransformação para combater a homofobia, o machismo e o racismo em suas próprias estruturas.
“Isso é fruto do trabalho intenso e extremamente necessário dos movimentos feminista, negro e LGBTQIA+ do PT, que diariamente lutam para que o partido encabece estas lutas dentro da sociedade brasileira. Isso inclui também a autotransformação, visto que o PT ainda reproduz em suas estruturas o machismo, a homofobia e o racismo. Estamos avançando, e isso se reflete tanto nos diagnósticos que o Partido e a FPA têm realizado (desde os Congressos do PT até às resoluções da Executiva, do DN, das discussões realizadas nos setoriais, nos diretórios estaduais e municipais) quanto no espaço que mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+ ocupam cada vez mais no nosso partido”, explica Vívian.
Para Azilton Viana, a direção do PT teve uma atitude corajosa e nova que permite compreender que o partido se lançou numa nova caminhada com a atualização de sua história ao incorporar novas vivências às dinâmicas partidárias em cargos estratégicos e políticos.
Ele avalia ainda que o principal desafio a ser enfrentado junto ao conselho curador será aproximar as atividades e projetos desenvolvidos pela Fundação para incorporar as necessidades e demandas do segmento LGBTI para além da dimensão partidária.
“É preciso estabelecer um núcleo permanente de estudos que possibilite compreender a complexidade da sociedade brasileira e possa contribuir com soluções e alternativas que combatam violência e preconceito”, propõe.
Da Redação, com SNLGBT/PT