O paulista Gilmar Dominici atuou durante oito anos como secretário de Assunto Federativos da secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta eleita Dilma Rousseff. A experiência é um dos grandes trunfos para o pré-candidato petista em Franca, no interior de São Paulo, chegar novamente à prefeitura da cidade.
Essa, porém, é apenas uma das credenciais que o faz pretender ao cargo. Dominici também foi prefeito reeleito entre 1997 e 2004, além de vereador por dois mandatos.
Entre suas ações de maior impacto estão a construção do Hospital do Câncer de Franca e de 23 escolas públicas. Ao fim do seu segundo mandato, o município ficou em primeiro entre as cidades do seu porte no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
“Nós priorizamos a área social e a educação foi o carro-chefe. Nossa atenção com essas áreas melhorou, de fato, a vida das pessoas”, analisa o pré-candidato.
Para um possível novo mandato, ele pretende fazer novamente de Franca uma cidade para as pessoas. Diferentemente da atual gestão de Alexandre Ferreira (PSDB), que sofreu denúncias de mau uso do dinheiro público e não tem o apoio sequer do próprio partido.
O petista quer reimplantar o orçamento participativo, rever a mobilidade urbana com prioridade no transporte coletivo e integrar de fato o povo nas decisões de governo.
“Queremos envolver a comunidade e mostrar o quanto é importante o cidadão ter a sua parcela de contribuição nos destinos da cidade”, afirma.
Leia a entrevista completa com o pré-candidato do PT em Franca:
O que você destaca entre suas ações como prefeito entre 1997 e 2004?
O mais importante foi que colocamos o cidadão em primeiro lugar, principalmente aqueles que mais precisam dos serviços públicos. Apesar de termos governado em um momento de muita dificuldade, sem parceria ou apoio do governo do estado e do governo federal, nós fizemos muito pela cidade.
Priorizamos a área social. A educação foi o nosso carro-chefe e construímos 23 escolas. Quando terminei o meu mandato, Franca ficou em primeiro lugar no Ideb entre as cidades do seu porte. Nossa atenção com essas áreas melhorou, de fato, a vida das pessoas.
Como pretende investir na educação caso seja eleita?
A prioridade é um futuro de qualidade para a cidade. Nós queremos uma cidade confiante em seu futuro. E, para isso, a educação tem um papel fundamental.
Seja na educação de primeira a quarta série, nas creches, na alfabetização de jovens e adultos. Seja também na capacitação profissional. Uma educação de qualidade vai, sem dúvida alguma, colocar Franca num patamar diferenciado nos próximos anos.
E quanto à saúde?
Quando nós governamos a cidade, fizemos muito pela saúde. No nosso governo, resolvemos uma reivindicação antiga dos moradores: a construção e a colocação em funcionamento do Hospital do Câncer. Hoje, do ponto de vista das instalações físicas, nós não temos tantos problemas.
Nós precisamos aplicar os recursos de fato para melhorar a qualidade do atendimento, ampliar o fornecimento de medicamentos para a população, priorizar as ações voltadas para a saúde preventiva.
Nós construímos cinco núcleos de PSF (Programa de Saúde da Família) e desde então praticamente nada avançou. Nós vamos priorizar esses núcleos de programas de saúde da família e focar na prevenção.
O sr. costuma dizer que pretende “humanizar a cidade”. Como se daria isso?
Humanizar a cidade é o meu objetivo, sem dúvida alguma. É colocar o ser humano em primeiro lugar. Vamos, por exemplo, priorizar o transporte coletivo em detrimento dos veículos, que muitas vezes são colocados em primeiro plano.
São necessários a construção de ciclovias, calçadas, terminais de ônibus e corredores exclusivos para o transporte coletivo. Nós precisamos priorizar o cidadão.
Qual é a sua avaliação sobre o atual prefeito?
Ele nem é candidato à reeleição. O PSDB vive uma crise por aqui e o prefeito foi impedido pelo próprio partido de ser candidato. Ele perdeu a prévia para o seu criador (Sidney Rocha, atual pré-candidato do PSDB).
E, além de perder a prévia, o seu mandato foi quase cassado pela Câmara Municipal, com o apoio de seu padrinho. Existe uma crise dentro do PSDB daqui provocada por interesses particulares e também pela própria gestão do governo, muito mal avaliada pela população.
Por que o prefeito foi quase cassado?
A prefeitura contratou uma empresa para prestar serviços médicos no pronto socorro. Essa empresa tinha nos seus quadros profissionais que não eram médicos e que, no entanto, faziam atendimento.
Quando foi descoberto, abriu-se uma comissão de inquérito e essa comissão investigou toda a situação e mostrou a participação do prefeito e da sua equipe nesse processo, principalmente na fiscalização que permitiu que profissionais não habilitados pudessem fazer atendimento à população.
O sr. atuou oito anos em Brasília ao lados do ex-presidente Lula e da presidenta eleita Dilma Rousseff. Como foi a experiência?
Muito boa. Um dos motivos de eu disputar as eleições agora foi a experiência adquirida em quase uma década na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, atuando na Secretaria de Assuntos Federativos. A secretaria faz o acompanhamento de estados e municípios.
Durante todo esse tempo participei atendendo aos municípios, discutindo os principais programas federais, conhecendo experiências exitosas em varias regiões do Pais.
Sem dúvida alguma, esse período em Brasília me proporcionou mais conhecimentos principalmente sobre o que é possível os municípios captarem em Brasília, os projetos que podem lograr êxito ao Governo Federal. Esse preparo, sem dúvida, vai me ajudar, além dos meus dois mandatos anteriores.
A mídia ataca muito o PT. Como reverter essa propaganda negativa?
Em primeiro lugar, é mostrar o quanto melhorou o Brasil e o quanto melhoraram as cidades onde o PT foi governo. Agora é a hora de mostrar o que foi feito. Agora vamos ter espaço para divulgar e fazer a comparação.
E também deixar claro que se o PT hoje sofre esses ataques. é algo premeditado. É um tratamento seletivo. Todos os principais partidos do Brasil estão envolvidos em irregularidades. O importante é separar o joio do trigo.
É importante também deixar claro que se hoje temos todo esse trabalho de investigação da vida pública é porque os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma permitiram isso, diferentemente do passado quando se engavetava os processos. O próprio Ministério Público e a Polícia Federal tinham cerceamento em suas atividades. Com o PT isso mudou.
O sr. diz que vai fazer uma gestão com a participação do povo. Como se dará na prática?
Nós queremos ouvir a população não só durante a campanha, quando colheremos sugestões, mas principalmente depois. Nós vamos implantar novamente o orçamento participativo.
Quando governei, todas as obras foram decididas com a participação da população. Nós queremos criar um conselho municipal do desenvolvimento econômico e social semelhante ao que o governo federal criou justamente para abrir os canais de participação, envolver a comunidade e mostrar o quanto é importante o cidadão ter a sua parcela de contribuição nos destinos da cidade.
Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias