Começou nesta segunda (1), em Maceió (AL), a primeira Reunião de Mulheres Parlamentares do P20 – grupo que reúne parlamentares dos países-membros do G20. A atividade prossegue em Maceió (AL) até a terça-feira, (2). A reunião tem foco em debates e intercâmbios entre as lideranças brasileiras e estrangeiras sobre os temas prioritários do G20 como mudança do clima e desenvolvimento sustentável; inclusão social e combate à fome e à pobreza; e reforma das instituições globais.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), fez a abertura do evento. Ele defendeu que a ampliação dos direitos às meninas representa um passo civilizatório, de modo que a promoção da igualdade de gênero é medida imprescindível para o desenvolvimento social e econômico das nações.
“É imperioso, sim, implementar políticas públicas em todas as áreas para assegurar mais oportunidades e mais direitos para as mulheres”, afirmou Lira. “Isto inclui, claro, garantir condições para a equidade econômica, eliminar a discriminação no local de trabalho, garantir remunerações iguais por trabalho igual, promover acesso à educação de qualidade e oportunidades de capacitação profissional para a população feminina”.
Para o deputado, “com independência econômica, as mulheres podem ter liberdade para ocupar os espaços que desejam na sociedade”. Ainda de acordo com o parlamentar, “somente quando todas as mulheres têm voz, autonomia, segurança e oportunidade de alcançar seu pleno potencial, é que teremos um mundo justo e harmônico tanto quanto desejamos”. Lira é presidente do P20 e responsável por oportunizar o encontro com as mulheres parlamentares.
A coordenadora-geral da Bancada Feminina da Câmara dos Deputados, Benedita da Silva (PT-RJ), ressaltou o pioneirismo e a importância do encontro, idealizado durante a presidência brasileira do G20, e a relevância dos debates que serão propostos durante os dois dias de atividade.
“Esta iniciativa foi a mais importante acontecida neste semestre para nós, da Secretaria da Mulher. O Brasil, ao realizar esta reunião, coloca-se de forma inquestionável na centralidade do debate das questões de gênero, com uma atenção especial ao aumento da representatividade das mulheres nos espaços de poder e nos espaços de decisão. Sem deixar, porém, de tratar de questões que consideramos mundiais e essenciais como a questão do meio ambiente, a economia, a política de cuidados”, defendeu Bené.
Na avaliação da companheira carioca, a agenda internacional proposta durante os debates dentro do G20 é importante para que as pessoas saibam valorizar esse momento: “Ele é de suma importância para nós parlamentares brasileiros para que possamos também acompanhar os acordos que são feitos e as políticas que atingiram a maioria das mulheres do mundo. Esta reunião é fundamental para darmos início a um movimento global que nos fortaleça e proteja nossos direitos, já garantidos como mulheres parlamentares”.
“Temos a missão de desafiar os estereótipos, de lutar pela igualdade, de moldar o futuro e atuar juntas por um planeta mais justo, igualitário e sustentável. Precisamos valorizar o esforço de todas aquelas que vieram antes de nós, e abrir caminhos para que pudéssemos estar aqui hoje”, completou.
Além de Benedita, outros parlamentares da Bancada Feminina do PT também marcam presença no evento como as deputadas Carol Dartora (PT-PR), Ana Pimentel (PT-MG), Reginete Bispo (PT-RS), Ana Paula Lima (SC), Jack Rocha (PT-ES), coordenadora da Bancada Feminina do PT, e Carla Ayres (PT-SC).
Pimentel, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, classificou o encontro como patrimônio por parlamentares de todo o mundo para debater e construir um mundo justo e um planeta sustentável.
“Mulheres feministas dos mais diversos territórios, das cidades, do campo, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, nós sempre afirmamos que é possível a construção de um outro mundo. Aquele que se concentra centralmente na defesa do meio ambiente, no respeito ao corpo e à vida das mulheres e na corresponsabilidade dos cuidados, produz uma vida justa e digna para todas as mulheres”, apontou a deputada.
“Em todo o mundo nós sabemos que são as mulheres que assumiram a defesa de um projeto de desenvolvimento sustentável e justo. As mulheres têm insistido enfaticamente na importância de um outro projeto de desenvolvimento. Até aqui a história tem mostrado que as mulheres são certas. A justiça climática será possível com um projeto de desenvolvimento que se sustente na distribuição igualitária dos recursos econômicos, na defesa do meio ambiente, do corpo e da vida das mulheres e da democracia. E é por isso que, sob a exitosa liderança do governo brasileiro no G20, temos a oportunidade de colocar a importância das mulheres e do debate das mulheres em todo o mundo como centro”, celebrou a mineira.
No Instagram , Maria do Rosário (PT-RS) comentou o momento histórico para o Brasil, em sediar, pela primeira vez em uma década, uma reunião de mulheres parlamentares: “Ao tomar essa iniciativa, a Câmara dos Deputados do Brasil reconhece que a presença das mulheres na política, sobretudo no exercício de mandatos parlamentares, qualifica e fortalece a democracia. Este grande encontro, que está sendo realizado nesta semana em Maceió (AL), é um marco de importância singular e reflete o compromisso da Câmara dos Deputados com o fortalecimento da representatividade feminina e a promoção de um mundo mais justo e sustentável.”
Maria Helena Guarezi, secretária-executiva do Ministério das Mulheres, foi a representante da pasta. Ela foi convidada a presidir o grupo de trabalho de empoderamento das mulheres. Na avaliação da gestora, o GT vem com o compromisso de não estar na marginalidade dos debates, sejam eles decisórios ou econômicos.
“O grupo de trabalho vem exatamente para discutir a questão econômica em pé de igualdade com os homens. Este espaço também segue a orientação definida pelo presidente Lula, que tem três pilares: governança, enfrentamento à fome e à pobreza e a questão da justiça climática. E falar de governança global é falar de participação equitativa e igualitária entre mulheres e homens. E este é um momento crucial para discutir isso, porque os parlamentos são um espaço de decisão privilegiado para discutir todas as questões da vida, das estruturas, das formas de convivência. Então, espero que as recomendações e orientações tomadas por esse grupo de mulheres parlamentares sejam recomendações que entrem na documentação do P-20, porque precisamos caminhar para que as mulheres estejam em todos os espaços de decisão e poder em condições igualitárias aos homens. ”, defendeu.
A Secretária-Geral das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, também celebrou o encontro inédito, e destacou a Presidência Brasileira do G20, que, segundo ela, tem procurado trabalhar de maneira transversal a questão do empoderamento feminino.
“Não apenas no grupo de trabalho dedicado ao tema, mas também em diferentes frentes de liderança da Trilha de Sherpas e das Trilhas de finanças. O debate no âmbito dos grupos de engajamento, como o P20, é igualmente fundamental. Desde o início, a Presidência Brasileira se compromete a promover uma maior interação entre os grupos de engajamento de jovens, trabalhadores, parlamentares, cientistas, empresários e grupos militantes com os grupos de trabalho das duas trilhas do G20″, pontuou.
“O Brasil adotou, como se sabe, três eixos principais como prioridade para sua presidência do G20. Não há como falar de nenhum desses eixos temáticos sem tratar da desigualdade de gênero, no acesso à alimentação, à educação, ao crédito, ao mercado de trabalho e aos espaços públicos de tomada de decisão. Não podemos falar em inclusão e combater as desigualdades sem atender às demandas da metade da população mundial. Não podemos discutir alternativas de desenvolvimento sustentável sem considerar os impactos desproporcionais das crises climáticas e ambientais sobre as mulheres. Não podemos igualmente excluí-las da geração de soluções criativas e inovadoras”, comentou.
Presenças internacionais
Estão presentes na 1ª Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, cinco organismos internacionais – União Interparlamentar, União Europeia, ONU, ONU Mulheres e Mercosul; e 26 países: Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, República da Coreia, Rússia, Angola, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Bolívia e Paraguai. Ao todo, são 171 parlamentares participando do encontro.
Programação
Após a abertura oficial, os presentes compareceram à preparação da exposição “Mulheres no Poder”. Na sequência, ocorreu a primeira Sessão de Trabalho com o tema “Promovendo a justiça climática e o desenvolvimento sustentável para mulheres e meninas”, seguido pelo Painel Brasil: avanços legislativos e de políticas públicas para as mulheres.
No último dia, as participantes participarão da segunda Sessão de Trabalho que vai debater “Mulheres no Poder: ampliando a representatividade feminina em espaços decisórios”, já no período da tarde, “Combatendo desigualdades e promovendo a autonomia econômica das mulheres” será o foco dos debates da terceira Sessão de Trabalho. Todos os debates podem ser conferidos no canal da TV Câmara no You Tube, clicando aqui .
Da Redação do Elas Por Elas , com informações da Agência Câmara de Notícias e do Portal G20 Brasil