“Cinquenta e dois anos que o Brasil foi livre do maldito comunismo. Viva nossos bravos militares! O Brasil nunca vai ser comunista”, publicou o general da reserva do Exército Sebastião Roberto Peternelli Júnior em uma rede social em março do ano passado. Agora, ele recebeu um convite do Partido Social Cristão (PSC), legenda aliada ao governo golpista de Michel Temer, para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai).
De acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, ele aceitou o convite e aguarda confirmação do governo. Desde o início do governo interino de Temer, a presidência da Funai está vaga.
O general é de um dos partidos mais conservadores e controversos do País. Entre os deputados do PSC estão Jair Bolsonaro (RJ), Eduardo Bolsonaro (SP) e o pastor evangélico Marco Feliciano (SP).
Na campanha eleitoral de 2014, Peternelli fez campanha aberta nas redes sociais pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) e instou o candidato a falar de “infiltração cubana” no programa Mais Médicos.
“Peternelli foi indicado por André Moura e Romero Jucá. É um reacionário que pretende destruir as conquistas e avanços da política indigenista”, criticou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), pelo Twitter.
Ocupar a Funai
Um grupo de indígenas das etnias pataxó e tupinambá protestou m Brasília contra a indicação do militar e outras ações tomadas por Michel Temer contra as populações indígenas.
De acordo com a análise do jornalista Daniel Pierri, do “El País“, a indicação de Peternelli para a Funai “é o coroamento de uma estratégia de perseguição neobandeirante”.
Para o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, a indicação do militar significaria um inequívoco retrocesso na relação do Estado brasileiro com os povos indígenas, “retornando à perspectiva do militarismo integracionista vigente durante o período da ditadura militar”.
Já para Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, Peternelli foi indicado pelos inimigos dos indígenas brasileiros. “É um absurdo colocar na presidência da Funai uma pessoa que defende a ditadura e que foi indicada pelos inimigos das populações indígenas”, afirmou. Para ele, “se o presidente Temer quer um agente para dar um duro golpe nos direitos indígenas, ele escolheu a pessoa certa”.
Em protesto contra os retrocessos à política indígena, várias lideranças dos povos nativos e entidades sociais estão organizando ocupações às sedes da Funai por todo o Brasil para o dia 13 de julho.
Nesta quarta (6), o tema foi um dos mais comentados do Twitter, com a criação da hashtag #ocupafunai.
Da Redação da Agência PT de Notícias