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Genial/Quaest: 86% dos brasileiros condenam atos golpistas do 8/1

Levantamento também aponta que 50% dos entrevistados acreditam que Jair Bolsonaro, já indiciado pela PF, teve influência na organização dos ataques em Brasília

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, os números evidenciam a solidez do sistema democrático no Brasil.

Pesquisa divulgada pela Quaest nesta segunda-feira (6) aponta que a maioria dos brasileiros condena os ataques golpistas contra as sedes dos Três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro de 2023. De acordo com o levantamento, 86% dos entrevistados desaprovam, enquanto apenas 7% afirmam aprová-los. Outros 7% não souberam ou preferiram não responder.

O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, entrevistou 8.598 pessoas em todas as regiões do país entre os dias 4 e 9 de dezembro de 2024. A margem de erro é de 1 ponto percentual para mais ou para menos.

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Embora a rejeição ainda seja amplamente majoritária, o índice sofreu uma leve queda em relação à pesquisa anterior, realizada em dezembro de 2023, quando 89% dos entrevistados desaprovavam os atos.

Solidez da democracia

Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, os números evidenciam a solidez do sistema democrático no Brasil.

“A rejeição aos atos do 8/1 mostra a resistência da democracia brasileira e a responsabilidade da elite política em manter a estabilidade institucional”, afirmou.

Envolvimento de Bolsonaro

A pesquisa também revelou que 50% da população acredita que Jair Bolsonaro teve influência na organização dos atos golpistas. Os que descartam esse hipótese somam 39%.

Para além da influência, 48% dos entrevistados consideram que o ex-presidente de extrema direita participou, de fato, do plano golpista investigado no Supremo Tribunal Federal (STF). Já 34% responderam que Bolsonaro não teve envolvimento na trama.

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“Segundo a Quaest, 86% dos brasileiros CONDENA as invasões do 8 de janeiro. Em breve, será o STF a condenar e colocar na cadeia Jair Bolsonaro e demais mentores ‘intelectuais da tentativa de golpe. Em janeiro, a PGR fará a entrega das denúncias. Que seja feita a justiça”, afirmou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG).

Indiciamento de Bolsonaro

O ex-presidente foi indiciado em novembro de 2023, junto com outras 36 pessoas, por suspeita de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe e organização criminosa.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa o relatório da Polícia Federal (PF) e pode formalizar denúncias nos próximos meses.

Felipe Nunes destaca que os resultados apontam para um aumento na percepção de responsabilidade de Bolsonaro.
“Entre 2023 e 2024, parecia haver uma tendência de relativização do papel do ex-presidente nos atos. No entanto, o novo levantamento sinaliza uma mudança significativa, sugerindo que o processo judicial e as evidências divulgadas podem ter impactado a opinião pública”, explicou.

Reprovação majoritária

Ainda de acordo com a pesquisa, tanto eleitores de Bolsonaro quanto de Lula reprovam majoritariamente os atos de 8 de janeiro.
Entre os apoiadores de Bolsonaro, 85% desaprovam os ataques — mesmo índice registrado em dezembro de 2023. Entre os eleitores de Lula, a rejeição é de 88%.

“Pesquisa Quaest apurou que 86% da população são contra a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro. Isso significa que nossa democracia venceu os golpistas. Nossas instituições republicanas estão consolidadas e prontas para se fazer cumprir a Constituição e as leis. Ditadura nunca mais! Sem anistia!”, afirmou o líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE).

Desaprovação por região e faixa etária

O repúdio aos atos golpistas é consistente em todas as regiões do país. O Nordeste registrou o maior índice de reprovação, com 87%, seguido pelo Sudeste e Centro-Oeste, ambos com 86%. No Sul, 85% rejeitam os ataques.

Entre as faixas etárias, a reprovação também se mantém elevada. Em todas as categorias — dos 16 aos 60 anos ou mais — o índice de desaprovação supera 84%, enquanto a aprovação não ultrapassa 9%.
Comparações internacionais

A pesquisa Quaest também traça paralelos entre os eventos de 8 de janeiro no Brasil e a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021.

Nos EUA, a aprovação aos atos subiu de 9%, logo após a invasão, para 20% dois anos depois.
No Brasil, a aceitação permaneceu baixa, oscilando de 4% para 7% no mesmo período.

O pesquisador Felipe Nunes avalia que a postura cautelosa do governo Lula, ao tratar o tema dentro dos limites do Estado Democrático de Direito, contribuiu para preservar a estabilidade política.

“Diferentemente do que ocorreu nos EUA, onde o debate foi politizado, o Brasil conseguiu evitar a polarização extrema sobre o episódio, o que manteve o repúdio elevado”, afirmou.

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Da Redação