O ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) foi sorteado relator da interpelação criminal movida pelo PT contra o senador Aécio Neves (PSDB), por possível ofensa ao partido. Em entrevista a um programa de tevê, no sábado (29), o candidato derrotado à Presidência afirmou ter perdido a eleição para uma “organização criminosa”.
Coincidentemente, o ministro também é o relator prestação de contas da campanha de Dilma Rousseff, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mendes é um velho conhecido do PT. Não apenas por declarações polêmicas e energéticas contra integrantes do partido, mas também por sistemáticas decisões desfavoráveis à legenda.
Na Corte eleitoral, o ministro chegou a insinuar, durante julgamento ocorrido em outubro, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria alcoolizado em comício realizado em Belo Horizonte (MG), durante a campanha eleitoral. No mesmo dia, debochou da luta histórica travada pela presidenta Dilma contra a ditadura militar.
O magistrado também foi responsável por barrar o direito de resposta concedido ao PT contra a revista “Veja”, durante a campanha eleitoral. Em decisão monocrática, o ministro agiu contra o voto formado pela maioria no TSE, que reconheceu o abuso cometido pelo veículo.
Mesmo findada a campanha eleitoral, Mendes se esforça para mostra que exerce poder contra o PT. Responsável por analisar a prestação de contas da presidenta Dilma, o ministro criou alvoroço na mídia com a notícia de que teria solicitado a Receita Federal estudo minucioso sobre a situação das empresas doadoras da campanha da legenda . Também afirmou pedir levantamento sobre a prestação ao Conselho Federal de Contabilidade.
Justiça – Na ação contra Aécio, o PT pede que seja esclarecido se Aécio fazia realmente referência ao PT na declaração que deu durante a entrevista. Caso seja confirmada a ofensa, o tucano poderá ser processado por difamação. Segundo a ação apresentada pelos advogados do partido, o tucano feriu a honra não apenas do partido, mas de “todo o sistema representativo e a própria democracia”.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.