A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), apresentou requerimento à Câmara dos Deputados para convocar o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, a dar explicações ao parlamento. Ela cobra esclarecimentos dele sobre a falta de testes e equipamentos de proteção individual no país, prestes a enfrentar novo pico da pandemia do coronavírus. Também pede explicações sobre as suspeitas aquisições feitas pela pasta durante a crise sanitária.
“O próprio Ministério da Saúde admite que a subnotificação pode ser ‘gigantesca’ e que o número real de casos tende a ser muito maior que o oficial”, justifica Gleisi. “O Brasil é o país que menos testa entre os mais atingidos pela Covid-19, sendo que a dependência extrema de insumos importados, bem como a falta de investimentos em pesquisas e biotecnologia agravam a já precária situação”. No início da tarde quarta-feira (15), o secretário de Vigilância anunciou que está deixando o ministério.
“Não estão sendo garantidas as entregas de kits de testagens aos estados e municípios, que desta forma se lançam à leilões predatórios para vender a quem paga mais”, lamenta a presidenta do PT. Ela reclama que o Ministério da Saúde deixou de fazer os investimentos necessários na Fiocruz para que o principal e estratégico laboratório público do país pudesse produzir testes em quantidade suficiente. “Foi incapaz de buscar soluções no mercado brasileiro e sequer para fazer a aquisição no mercado internacional”, critica.
Compras suspeitas
Gleisi avalia que o governo não tem uma política global de enfrentamento da crise. Em meio à grave situação de aumento de casos de contaminados, há ainda as suspeitas de superfaturamento de testes adquiridos. Gleisi cita no requerimento reportagem do UOL que denunciou: a FAB vai gastar 50% a mais do que o SUS para testar militares contra o Covid-19. “A corporação comprou, sem licitação, 16 mil testes do novo coronavírus por R$ 149 cada”, ressalta. “A Fiocruz vende testes do mesmo vírus ao Ministério da Saúde por R$ 98 cada”.
A deputada cita ainda a denúncia do Intercept de uma aquisição suspeita. “Em qualquer experiência em fornecimento de material hospitalar, uma empresa chamada Farma Supply ganhou do Ministério da Saúde dois contratos para a compra de máscaras cirúrgicas que juntos somam R$ 18,2 milhões”, destaca. A empresa foi escolhida sem que houvesse concorrência pública. “As máscaras, porém, são 67% mais caras que a de uma concorrente que também fornece ao governo federal”, observa.
Segundo a parlamentar, diante das denúncias de falta de equipamentos de proteção individual, indispensáveis para a proteção dos trabalhadores de saúde, bem como de testes para diagnóstico do COVID-19, é mais do que urgente a aprovação do requerimento para que o ministro compareça à Câmara para prestar os esclarecimentos necessários.
Da Redação