“Nós não podemos continuar a ter um governo que não tenha contrapesos na relação com as instituições”, afirmou a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em entrevista ao canal de televisão CNN. Para Gleisi, o povo está sofrendo com “um governo genocida, que não está preocupado com a vida das pessoas, deixando a pandemia correr solta, sem se preocupar com a vacina, com a renda e com o emprego”. Na entrevista, Gleisi defendeu a posição do PT de compor o bloco e apoiar a candidatura do deputado Baleia Rossi, do PMDB, na eleição para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
“Fizemos uma aliança pontual em cima de questões que consideramos essenciais para o povo brasileiro”, afirmou Gleisi na entrevista, destacando a vacinação, a garantia de renda e a geração de empregos. Primeiro, de acordo com Gleisi, está a garantia da universalização da saúde. Outro ponto central da aliança é a renda emergencial, ou o aumento do Bolsa Família. É compromisso do bloco votar um projeto que restitua a renda dos brasileiros, ainda afetados pela pandemia. Outra medida urgente é a adoção de medidas que gerem empregos, com equilíbrio fiscal tributando os mais ricos.
Para a presidenta do PT, é decisivo impedir que Bolsonaro avance sobre a Câmara dos Deputados com a sua candidatura. “Nós avaliamos que isso seria muito ruim para a democracia e muito ruim para o Congresso Nacional”, afirmou Gleisi. “Nós precisamos de um Congresso que tenha mais independência, que possa barrar pautas que são retrogradas. seja do ponto de vista dos direitos humanos, seja do ponto de vista do estado democrático de direito, do meio ambiente, das questões indígenas”, defendeu.
Em resposta ao questionamento sobre a aliança com setores que apoiaram o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, Gleisi reafirmou a crítica ao papel desempenhado por tais setores políticos. No entanto, ressalvou a presidenta do PT, “depois disso, nesses últimos dois anos de governo, houve um distanciamento, um racha nesse bloco do sistema”, ressaltou. “Uma parte daquele pessoal viu que ruim, colocaram na presidência da República um homem que não tem condições de governar o Brasil”, destacou. “Nós avaliamos que temos de utilizar essas contradições para que possamos frear o que vem de pior por ai”.
A defesa do impeachment também integra os compromissos da aliança, presente no ítem 3.6 da carta firmada pelos partidos de oposição, divulgada na segunda-feira à tarde. No texto, os os partidos de oposição defendem “utilizar todos os instrumentos constitucionais destinados a assegurar o respeito à Constituição, às leis e à democracia, como as CPIs, convocação de autoridades e decretos legislativos, inclusive a análise e resposta institucional sobre crimes, por ação ou omissão, que afetem a vida do povo, imputados a autoridades do Poder Executivo”.
Da Redação