A senadora Gleisi Hoffmann criticou em plenário, nesta quinta-feira (13), a postura do mercado, de parlamentares da oposição e de parte da imprensa especializada em finanças de defenderem que o aumento de impostos para o chamado ‘andar de cima’ da economia afugenta investimentos no Brasil.
“Está na hora de colocar o dedo na ferida, de cobrar de quem pode pagar. O que não pode é manter benefícios como esse travestidos de coisas boas para a economia acabar privilegiando uma classe que já ganha muito no Brasil”, defendeu.
Na quarta-feira, a Comissão Especial que analisa a Medida Provisória 675 deveria ter analisado o relatório da relatora. De acordo com Gleisi, parlamentares da oposição impediram a realização da audiência.
No parecer, a senadora aumenta para 23% a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, como bancos. As cooperativas de crédito terão taxação de 17%, caso a MP seja aprovada.
O projeto original do governo previa aumento de 20%. A taxa atual é de 15%. A mudança vai ampliar a arrecadação anual do governo em R$ 6 bilhões. “Houve reclamação dos bancos, que afirmaram repassar a seus clientes seus valores. Como pode repassar se eles foram as entidades mais lucrativas do primeiro trimestre este ano, se tiveram lucros muito grandes mesmo na situação de dificuldades econômicas vivida no Brasil?”
O Itaú lucrou mais de R$ 5 bilhões no período, enquanto o Bradesco, mais de R$ 4 bilhões, e o Banco do Brasil, R$ 7 bilhões. “Essa matéria é muito séria e importante para o nosso País. Quantos discursos ouvimos aqui, inclusive de membros da oposição, que não deixaram sequer eu ler o relatório? Quantos vieram defender os trabalhadores quando foram discutidas mudanças nas regras do seguro desemprego, do abono salarial?”, questionou.
Gleisi Hoffmann defendeu uma reforma para ampliar a tributação sobre renda, de maneira a gerar um equilíbrio no volume de impostos pagos entre os mais ricos e os mais pobres.
O relatório acaba também com os Juros sobre Capital Próprio. Criado há cerca de 20 anos, a medida permite que grandes empresas receba um retorno financeiro por meio de juros subsidiados para investir em seu negócio.
“Não podemos continuar com isso, somos o único País do mundo que tem isso. Um dos poucos que não tributa dividendos, em que a renda dos mais ricos não é tributada adequadamente pelo Imposto de Renda”, criticou.
“Temos que dar uma resposta a esse País e está na hora de o andar de cima colaborar com o ajuste fiscal”, completou.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias