Só muito ódio, mágoa e desinteresse, ou melhor, interesse em prejudicar, pode explicar as ações do governo de Beto Richa em relação à educação no Paraná.
Primeiro, o massacre dos professores para assegurar a votação de lei que retirou direitos da categoria; depois o desmonte do Fundo de Aposentadoria dos Servidores Públicos, seguido da tentativa de acabar com eleições diretas para diretores e agora o fechamento de escolas. Como pode o Paraná, um Estado desenvolvido, ter sua educação tratada desta forma?!
Diminuir despesa, fazer ajuste nas contas públicas é algo com que qualquer governante se depara. Mas neste caso paranaense o que vemos é perseguição. O que se pretende não é só economizar diminuindo estrutura da educação, o que já seria injustificável. O que se pretende é enfraquecer a educação pública paranaense. Desrespeitar trabalhadores na educação, baixar a autoestima de nossos educadores e deixar claro que educar, ensinar, formar não é prioridade do governo do Paraná. Só isso para explicar o fechamento de escolas rurais, num Estado que tem a agricultura familiar como base de sua economia; fechar cursos de educação de jovens e adultos – Ceebjas e desativar escolas históricas do Paraná. No passado recente também houve a ação contra as Casas Familiares Rurais, que formam os jovens para continuar tocando a pequena propriedade da família.
Aqui, antes que critiquem, nenhuma comparação pode ser feita com o governo federal, governo Dilma, por ter contingenciado recursos para educação. O governo federal pode até deixar de investir mais na área da educação com esse contingenciamento, o que não gostaríamos que acontecesse. Mas em nenhum momento atentou contra o direito adquirido dos trabalhadores na educação, fechou escolas ou interveio na estrutura de ensino.
Muito pelo contrário. Nestes treze anos de governo Lula e Dilma foram abertas mais escolas técnicas e universidades que em todos os 500 anos de existência do Brasil. Nunca tivemos tantos investimentos em creches, que são mais de 8 mil sendo construídas; em transporte escolar, 30 mil ônibus entregues; 58 mil escolas com contra-turno; 1,6 milhão de jovens beneficiados pelo Prouni, entre outros avanços.
O que acontece no Paraná é a desconsideração completa do Plano Nacional de Educação recentemente aprovado pelo Congresso Nacional e debatido com toda a sociedade. Vemos o sucateamento de nossas escolas, falta investimento em formação para os nossos professores, redução na contratação de pessoal para a educação e diminuição no custeio das escolas. Até a merenda escolar começa a ficar comprometida.
Hoje vemos o governador Beto Richa como ele é, ineficiente e maldoso, vingativo, sem compromisso público. Durante muito tempo se escudou na desculpa de que o Estado era perseguido pelo governo federal. Agora fica claro que o especialista em prejudicar o Paraná é ele mesmo!
(Artigo publicado inicialmente no site www.esmaelmorais.com.br, no dia 26 de outubro de 2015)
Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo Paraná. Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional