A despeito de certos analistas políticos dizerem que a mudança no ministério da presidenta Dilma é uma cessão de cargos em troca de apoio político contra o impeachment, o fato é que ela mudou, na sexta-feira, os rumos da conjuntura política e, mais do que isso, da economia, com seus anúncios.
É compreensível a reação por parte da grande mídia, seus analistas e jornalistas especializados. Afinal, ficaram agourando o governo desde antes de sua posse. Não poderiam reconhecer outro caminho.
Mas a presidenta Dilma trouxe o ex-presidente Lula para mais perto de seu entorno, realocou ministros e, como disse, atualizou a base política do governo para assegurar a governabilidade: “desde a redemocratização, governos de coalizão promovem mudanças quando necessárias”.
O movimento enfraquece a onda golpista da oposição, melhora a governabilidade e possibilita que as medidas enviadas ao Congresso Nacional, para melhorar a economia, sejam votadas.
A presidenta também surpreendeu ao anunciar uma reforma administrativa que reduz seu próprio salário e o de seus ministros, extingue três mil cargos de confiança, oito ministérios e 30 secretarias. Criou também a Comissão de Reforma Permanente do Estado. Pena que sobre isso nenhum jornal escreveu sequer uma linha. Importante ressaltar, novamente, que os programas sociais não sofreram cortes.
O anúncio da presidenta e as mudanças efetivadas já deram resultado na economia: a Bolsa de Valores subiu na sexta-feira e o dólar fechou em baixa. Tenho certeza de que também encontrará eco no Congresso Nacional.
Mas a ofensiva contra Dilma ainda continua, porque nesta semana o TCU vai fazer o julgamento das contas do ano de 2014. O relator, ministro Augusto Nardes, ex-deputado federal, que tem lado declarado na política, já divulgou que seu parecer será pela reprovação. Aliás, o motivo, as chamadas pedaladas fiscais, sempre existiu. Por que Nardes nunca levantou isso antes?! Uma corte de Contas não assume posição política. Essa é do Congresso Nacional. Ao TCU, que é órgão auxiliar do Congresso, cabe avaliação técnica. Menos entrevista, mais efetividade.
(Artigo originalmente publicado no Blog do Esmael, nesta segunda-feira)
Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo PT do Paraná, foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional