Mensagem do ex-presidente Lula a prefeitos de todo Brasil foi aplaudida quatro vezes nesta quarta-feira (23) ao ser lida pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann em evento da 21ª Marcha Anual dos Prefeitos, em Brasília, conforme pode ser visto no vídeo acima. Outro candidato que participou do evento nesta quarta foi vaiado em duas oportunidades.
Além da mensagem aos prefeitos, Lula respondeu a perguntas que foram feitas a todos os pré-candidatos a Presidência da República, sobre temas como saúde, educação, pacto federativo e sistema tributário. O ex-presidente começou lembrando que sempre recebeu muito bem os prefeitos nos oito anos que foi presidente da República.
“Antes de mim, houve um governo que chegou a jogar cachorros contra a Marcha dos Prefeitos. Uma coisa absurda. Nós fizemos diferente. O nosso governo montou uma sala de atendimento permanente aos prefeitos, para escutá-los. Às vezes, quem está no governo federal acha que os prefeitos vem só trazer problemas, quando na realidade muitas vezes o que eles trazem são soluções”, lembrou Lula. Ele explicou também porque é novamente candidato a presidente, após oito anos de mandato com recorde de aprovação: “Porque tenho honra e agi com responsabilidade, ética e correção nos meus oito anos de presidente da República. Eu sou candidato porque assumi o Brasil em uma situação difícil e saí do mandato com o melhor momento do país em sua história.”
Depois, Lula passou a responder as indagações específicas enviadas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Dinheiro do pré-sal para a educação ou para bancos?
Em relação à educação, Lula lembrou que os municípios são responsáveis pela oferta da educação infantil, que passou a ter, desde 2016, a pré-escola como obrigatória, e como meta atender ao menos 50% da faixa etária de creches até 2024.
“Isto deve gerar um rombo nas contas municipais de mais R$ 21 bilhões ao ano e, dessa forma, entendemos que apenas na construção de um novo Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ensino Básico) poderemos equalizar essa conta”, disse Lula, lembrando que os governos do PT colocaram como lei que dinheiro do pré-sal fosse para investimentos em educação, via Fundeb, mas que isso foi alterado pelo governo Michel Temer.
“O pré-sal já está tirando mais de 1 milhão e 700 mil barris de petróleo por dia e esse número só vai crescer. Isso irá tudo para o bolso das empresas estrangeiras e o petróleo vai sair do oceano e o dinheiro vai direto para contas bancárias no exterior, ou parte irá ficar para financiar a educação dos brasileiros, como sonhamos e colocamos em lei?”, questionou o ex-presidente.
Respondendo sobre o fortalecimento do pacto federativo e do diálogo entre as esferas de governo, Lula se comprometeu a, se eleito, “receber pessoalmente a Confederação Nacional dos Municípios em reuniões trimestrais, reativar uma sala de atendimento permanente de prefeitos no Palácio do Planalto e estabelecer um canal de diálogo permanente entre a Confederação e meu gabinete para tratar das reivindicações dos municípios.”
Sobre saúde e assistência social, Lula considerou ser urgente rever a Emenda do Teto dos Gastos Públicos, de autoria de Temer, que congela os gastos públicos nessas e em outras áreas por 20 anos. “Vocês sabem o desastre que será para o mandato dos senhores prefeitos e para o futuro das cidades se o Teto for mantida. Congelar por 20 anos os gastos públicos no Brasil, independente do país ganhar na loteria ou sofrer um terremoto. Isso é loucura e é na prática uma camisa de força, um congelamento das responsabilidades do governo. Para um tecnocrata de Brasília, é fácil. Vocês que estão perto do povo, sendo cobrados, sabem as consequências dessas medidas”, afirmou Lula na carta, em momento em que Gleisi foi muito aplaudida em sua leitura.
Por fim, o ex-presidente saudou todos os presentes ao evento e lembrou que entende muito bem a importância deste tipo de mobilização: “A marcha é importante porque não se pode governar o Brasil sentado em um palácio em Brasília. O Brasil é muito grande, muito diverso. O presidente precisa dialogar com o povo, com as autoridades locais, ver os problemas de perto e não só os problemas, mas também conhecer as soluções de perto.”
Da Redação da Agência PT de Notícias