Desmentir toda e qualquer declaração proferida por Jair Bolsonaro desde o dia 1º de janeiro tem sido tarefa árdua a todos os que se dispõem a checar o que diz ou publica o despreparado presidente. Com popularidade em queda constante e sem um mísero projeto para apresentar ao país, o descontrolado mandatário da República ao menos está conseguindo ser coerente com a sua própria história: sempre que não sabe o que dizer, recorre a mentiras e ataca adversários.
Entre tantas promessas descumpridas e fake news desmascaradas, sobra pouco ou quase nenhum espaço para que ele se safe do constrangimento público como quando disse, na manhã desta segunda (2), que “O Brasil está no fundo do poço dado aos economistas, e não ao capitão Jair Bolsonaro”.
A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann, tratou de refrescar a memória de Jair. “o Brasil está no fundo do poço por causa de seus economistas Paulo Guedes e liberais do PSDB que lhe dão sustentação. Só não está pior porque as reservas internacionais deixadas por Lula salvam o Brasil, e vocês agora torram para evitar crise cambial”, publicou a petista em sua conta no Twitter.
Ela se refere ao fato de a dupla Bolsonaro-Guedes estar queimando as reservas internacionais do país, patrimônio adquirido durante os governos de Lula e Dilma. O Brasil não recorria a esta prática desde 1999, quando Fernando Henrique Cardoso era o presidente. Com o atual governo e o desmonte das reservas, a moeda brasileira hoje é a terceira que mais perde valor quando comparada à de outros mercados emergentes.
Para quem não sabe, reservas internacionais “são os ativos do Brasil em moeda estrangeira e funcionam como espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, tais como crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o país”, explica o Banco Central.
Mesmo sem qualquer condição de governar o país, é importante que Bolsonaro ao menos saiba porque os governos petistas foram gloriosos para a economia do país. Confira:
Fundo Soberano
Criado em 2008 pelo governo Lula para servir como espécie de poupança para o país em momentos de crises externas e ajudar a regular o valor do Real, o Fundo Soberano do Brasil (FSB). A iniciativa quase foi extinta pelo governo golpista de Michel Temer. O ex ilegítimo pretendia utilizar os recursos do fundo para o pagamento da dívida pública.
O FSB chegou a ter mais de R$ 26 bilhões de reais em ativos, mas passou a ser rapidamente dilapidado pelos usurpadores da nação a partir de 2017 e chegou a ter apenas R$ 500 milhões. A tentativa de acabar com o fundo seria mais uma investida no sentido de “raspar o tacho” das reservas nacionais, outro legado sem precedentes deixado pelos dois presidentes petistas.
FMI
Um ano antes de Lula assumir a presidência, o governo FHC mais uma vez recorria ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para poder fechar as contas e, com isso, aumentar o rombo orçamentário e a dependência brasileira do capital estrangeiro. O tucano recebeu empréstimo de US$ 41,75 bilhões deixando a dívida para quem assumisse o cargo a partir de 2003. Como é sabido, Lula venceu a disputa eleitoral e logo se comprometeu a quitar a dívida com o fundo. Em 2005, o ex-presidente cumpriu o prometido, pagou o que devia e livrou o Brasil das amarras do FMI.
Em 2009, num ato inédito, foi o Brasil que emprestou dinheiro ao FMI (exatos US$ 10 bilhões) para ajudar países emergentes em meio à crise internacional. Em 2012, fez novo empréstimo no mesmo valor, desta vez para a zona do euro em troca de participação mais efetiva dos países em desenvolvimento nas decisões do Fundo. Era a emancipação de um país do “submundo do globo” que chamava a atenção por não se curvar diante de nações imperialistas ao mesmo tempo em que se mostrava aberta ao diálogo e à cooperação.
Produto Interno Bruto
O crescimento do país a partir de um governo que valorizava a distribuição de renda e as políticas sociais em benefício dos mais pobres nunca foi aceito pelos adversários do PT. FHC, por exemplo, tentava emplacar a ideia de que o Brasil cresceu mais nos governos Lula e Dilma como mero reflexo de uma melhor situação da economia mundial. Isso porque durante os mandatos do tucano o Brasil cresceu, em média, 2,32% ao ano, contra um crescimento da economia mundial de 3,43%.
Mas de 2003 a 2013, com Lula e Dilma, o crescimento médio por ano acelerou para 3,52% ao ano contra um crescimento da economia mundial de 3,78%. Ou seja, o Brasil cresceu com o PT 93,10% da média mundial.
Em números absolutos, Lula recebeu um país com um PIB de R$ 1,491 trilhão ao ano, com crescimento médio de 1995 a 2002 de 2,30% e entregou à sua sucessora um PIB de R$ 3,887 trilhões, com crescimento médio de 2003 a 2010 de 4,25%. Como se vê, os governos do PT estiveram muito longe de quebrar o Brasil.
Da Redação da Agência PT de Notícias