Partido dos Trabalhadores

Gleisi rechaça editorial da Folha sobre juros e aponta contradições

“Se ‘ninguém gosta de juros altos’, como diz o jornal, por que passaram o tempo todo defendendo o bolsonarista Campos Neto e atacando Lula sempre que ele criticou essa política equivocada?”, questionou a presidenta do PT

zeqrozneto

"O que querem é jogar essa conta nas costas dos aposentados e da população que precisa de políticas públicas, com o discursinho surrado do corte de gastos do governo", diz Gleisi

Na sanha de atacar um governo que prioriza o atendimento aos mais pobres, vale tudo na mídia corporativa, em grande parte controlada por acionistas ligados ao mercado financeiro. Vale até mesmo contradição, com prejuízos à compreensão dos leitores sobre temas importantes para o país.

A Folha de S. Paulo, por exemplo, cometeu a proeza de, em editorial, responsabilizar o presidente Lula pelos impactos negativos dos juros altos na economia, quando se sabe que esse mesmo jornal sempre defendeu com unhas e dentes a política monetária capitaneada pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Leia maisPolítica do BC faz do Brasil maior pagador de juros da dívida pública entre 24 países

Para início de conversa, o Banco Central é autônomo, sem qualquer vinculação ao governo federal, por conta de uma lei aprovada pelo Congresso em 2021, que a própria Folha aplaudiu. Além disso, o presidente Lula foi o primeiro a criticar os juros altos, recebendo a adesão de parlamentares e de entidades trabalhistas e empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) – atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está no patamar extorsivo de 11,25% ao ano.

Presidente do PT se manifesta

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou mais esse absurdo cometido pelo jornal paulista. “O Editorial da Folha consegue a proeza de descrever as grandes mazelas que os juros estratosféricos causam ao país para apontar como culpado o governo, e não a política suicida do BC ‘autônomo’, a serviço do sistema financeiro e dos especuladores”, afirmou Gleisi, em postagem na rede social X.

A parlamentar também apontou contradição quando a Folha alerta para o impacto dos juros altos no crescimento da dívida pública, algo sobre o qual sempre se omitiu.

“Se ‘ninguém gosta de juros altos’, como diz o jornal, por que passou o tempo todo defendendo o bolsonarista Campos Neto e atacando Lula sempre que ele criticou essa política equivocada?”, questionou a presidenta do PT.

“Se são os juros que fazem a trajetória da dívida explodir, o que é verdade, e se manter a trajetória atual da taxa não vai trazer investimentos de volta, o que também é verdade, errado é mantê-la. O que querem é jogar essa conta nas costas dos aposentados e da população que precisa de políticas públicas, com o discurso surrado do corte de gastos do governo”, acrescentou Gleisi.

Lucros e privilégios

O editorial da Folha reforça a pressão para que o governo promova cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e em áreas como Saúde, Educação e Previdência Social, tendo por trás o interesse de garantir recursos para o pagamento dos juros da dívida pública, para favorecer os lucros da especulação financeira.

Leia maisDeputados petistas denunciam pressão do mercado e da mídia por cortes em políticas sociais

Enquanto demonstra descaso em relação aos segmentos mais pobres da população, a mídia corporativa omite dos leitores os danos que são causados ​​às contas públicas pelas desonerações e outras privilégios fiscais dos quais grandes corporações, incluindo os próprios veículos de comunicação, se beneficiam. Ou seja, atacam os investimentos públicos, mas não soltam as tetas do Estado.

A Folha, por exemplo, virou notícia nesta segunda-feira (25), no jornal digital Poder360, que divulgou o que importantes grupos de comunicação deixaram de pagar ao INSS por conta de desonerações.

De janeiro a agosto deste ano, o jornal paulista deixou de pagar R$ 6,9 milhões. Outras empresas do grupo também estão entre as beneficiadas. A Compass UOL Tecnologia Ltda, por exemplo, deixou de pagar R$ 30,2 milhões no mesmo período. Já a Edge UOL Tecnologia Ltda, R$ 2,2 milhões, conforme o Poder360.

Leia maisSetores que cobram redução de gastos do governo deixam de pagar R$ 546 bi de impostos

Da Redação