Denúncia da existência de “indústria da delação”, propostas de acordos ilegais por promotores e oferta de pagamento “por fora” feita por advogado amigo de Sérgio Moro. O que seria um prato cheio para qualquer veículo de imprensa sério, não pareceu o suficiente para atrair a atenção da Rede Globo.
Apesar do alarde das redes sociais, o complexo midiático, que encabeça a perseguição da mídia golpista ao PT e seus principais expoentes, ignorou em seus canais o depoimento do ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, prestado na última quinta-feira (30) aos parlamentares da CPMI da JBS.
Na ocasião, Tacla Duran afirmou ter sido procurado por procuradores da operação Lava Jato com o intuito de fechar acordo de delação premiada, reconhecendo crimes que não havia cometido para incriminar políticos e autoridades do País, o que ele classificou de “indústria da delação”.
“Percebi que havia uma ansiedade do Ministério Público em obter a confirmação de fatos alegados contra mim para que eu confirmasse, para que se fechassem casos apenas com delação premiada, sem comprovação dos fatos, sem investigar, sem inquéritos”, afirmou durante o depoimento.
“Esse é o sentido da ‘indústria de delação. Indústria da delação porque estão fechando processos penais batendo carimbo, sem investigar”, acrescentou Duran.
As tratativas teriam acontecido, segundo ele, com os coordenadores da força-tarefa na PGR, Sérgio Bruno e o ex-procurador Marcelo Miller, durante gestão do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Além de expor promotores da Lava Jato, Duran relatou a contratação do escritório paranaense do advogado Carlos Zucolotto, padrinho de casamento do juiz Sérgio Moro, com o intuito de negociar os termos de um acordo de delação premiada como MPF.
A procura a Zucolotto veio depois do ex-advogado da Odebrecht ter sido aconselhado a contar com o auxílio de um escritório de advocacia que fizesse parte da “panela de Curitiba”.
Segundo Duran, Zucolotto teria oferecido redução de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões na multa que lhe seria imposta. Mas, outros US$ 5 milhões teriam de ser pagos a título de honorários “por fora”.
Mesmo com a gravidade das denúncias, a Globo deixou de divulgar qualquer menção ao depoimento em seus canais. A ‘desinformação proposital’ não passou despercebida aos olhos dos parlamentares petistas, que alardearam nas redes a seletividade da Globo.
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou em sua página oficial que “o silêncio dos noticiários é o reflexo da parcialidade”
O deputado federal Paulo Pimenta premeditou durante transmissão ao vivo do depoimento de Duran em sua página. “Certamente, a Rede Globo não vai divulgar”.
O deputado federal Paulo Teixeira também transmitiu o depoimento de Duran.
O deputado Valmir Assunção, por sua vez, disse: “Tacla Duran mostra à Lava Jato o que Moro quer esconder”.
Já o deputado Helder Salomão falou em “seletividade nas investigações e nas punições” e que “a Lava Jato tem apenas um alvo”.
E o senador Lindbergh Farias destacou que Duran revelou como eram fabricadas as delações da Lava Jato para incriminar políticos.
A deputada federal Margarida Salomão classificou como “suspeita” a omissão da Globo ao depoimento do ex-advogado da Lava Jato.
Da Redação da Agência PT de notícias, com informações do PT Senado