Partido dos Trabalhadores

Globo ignora depoimento de Tacla Duran que expôs Lava Jato

Ex-advogado da Odebrecht acusou procuradores de oferecer delação premiada reconhecendo crimes que não havia cometido para incriminar políticos

Alessandro Dantas

Rodrigo Tacla Duran durante depoimento

Denúncia da existência de “indústria da delação”, propostas de acordos ilegais por promotores e oferta de pagamento “por fora” feita por advogado amigo de Sérgio Moro. O que seria um prato cheio para qualquer veículo de imprensa sério, não pareceu o suficiente para atrair a atenção da Rede Globo.

Apesar do alarde das redes sociais, o complexo midiático, que encabeça a perseguição da mídia golpista ao PT e seus principais expoentes, ignorou em seus canais o depoimento do ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, prestado na última quinta-feira (30) aos parlamentares da CPMI da JBS.

Na ocasião, Tacla Duran afirmou ter sido procurado por procuradores da operação Lava Jato com o intuito de fechar acordo de delação premiada, reconhecendo crimes que não havia cometido para incriminar políticos e autoridades do País, o que ele classificou de “indústria da delação”.

“Percebi que havia uma ansiedade do Ministério Público em obter a confirmação de fatos alegados contra mim para que eu confirmasse, para que se fechassem casos apenas com delação premiada, sem comprovação dos fatos, sem investigar, sem inquéritos”, afirmou durante o depoimento.

“Esse é o sentido da ‘indústria de delação. Indústria da delação porque estão fechando processos penais batendo carimbo, sem investigar”, acrescentou Duran.

As tratativas teriam acontecido, segundo ele, com os coordenadores da força-tarefa na PGR, Sérgio Bruno e o ex-procurador Marcelo Miller, durante gestão do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Além de expor promotores da Lava Jato, Duran relatou a contratação do escritório paranaense do advogado Carlos Zucolotto, padrinho de casamento do juiz Sérgio Moro, com o intuito de negociar os termos de um acordo de delação premiada como MPF.

A procura a Zucolotto veio depois do ex-advogado da Odebrecht ter sido aconselhado a contar com o auxílio de um escritório de advocacia que fizesse parte da “panela de Curitiba”.

Segundo Duran, Zucolotto teria oferecido redução de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões na multa que lhe seria imposta. Mas, outros US$ 5 milhões teriam de ser pagos a título de honorários “por fora”.

Mesmo com a gravidade das denúncias, a Globo deixou de divulgar qualquer menção ao depoimento em seus canais. A ‘desinformação proposital’ não passou despercebida aos olhos dos parlamentares petistas, que alardearam nas redes a seletividade da Globo.

A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou em sua página oficial que “o silêncio dos noticiários é o reflexo da parcialidade”

O deputado federal Paulo Pimenta premeditou durante transmissão ao vivo do depoimento de Duran em sua página. “Certamente, a Rede Globo não vai divulgar”.

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O deputado federal Paulo Teixeira também transmitiu o depoimento de Duran.

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O deputado Valmir Assunção, por sua vez, disse: “Tacla Duran mostra à Lava Jato o que Moro quer esconder”.

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Já o deputado Helder Salomão falou em “seletividade nas investigações e nas punições” e que “a Lava Jato tem apenas um alvo”.

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E o senador Lindbergh Farias destacou que Duran revelou como eram fabricadas as delações da Lava Jato para incriminar políticos.

A deputada federal Margarida Salomão classificou como “suspeita” a omissão da Globo ao depoimento do ex-advogado da Lava Jato.

Da Redação da Agência PT de notícias, com informações do PT Senado