“Esse golpe vai ser lembrado daqui a algum tempo como um divisor de águas”. A afirmação foi feita pelo coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, em evento realizado nesta quarta-feira (13) no Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), em Fortaleza (CE).
Durante o ato, Boulos explicou o caráter maléfico do golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff para as próximas gerações.
“A gravidade do que está em jogo vai muito além da retirada de uma presidenta eleita pelo povo. Mais do que o golpe em si, o que vamos sofrer é o programa do golpe. Se for aplicado do jeito que eles querem, vai afetar a todos nós e às próximas gerações”.
Em sua análise, Boulos explicou que, caso o impeachment se consume no Senado, o presidente golpista Michel Temer vai esperar as eleições municipais para atuar em duas frentes: o desmonte da Consolidação das Lei do Trabalho (CLT) com a generalização das terceirizações e a imposição do negociado sobre o legislado.
“Não à toa, o ministro interino da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse claramente que o centro da reforma trabalhista que eles querem são esses dois programas. Sob o negociado sob o legislado, o empregador vai poder negociar férias, décimo terceiro salário, licença maternidade… É algo de uma gravidade inédita”.
O governo golpista pretende também, de acordo com o coordenador do MTST, acabar com a rede de proteção social garantida pela Constituição de 1988.
Para Boulos, o governo Temer é o mais perigoso para os trabalhadores e para os pobres do Brasil desde a Nova República. O motivo, ao seu ver, é simples: é conservador, não foi eleito pelo povo e não pretende se reeleger.
“Um governo eleito, mesmo sendo da direita, faria cálculos políticos e eleitorais antes de tomar certas medidas. O Temer, não, ele não pretende se reeleger. Ele pode fazer um programa social muito duro e não pagar por isso. Esse é o grande diferencial do governo Temer”.
Por Bruno Hoffmann, de Fortaleza, para a Agência PT de Notícias