A psicanalista Maria Rita Kehl, integrante da Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes que ocorreram durante o período da ditadura militar, fez uma análise, em entrevista ao Portal da CUT, sobre o momento político atual.
Para ela, “nada justifica um golpe, nem de direita e nem de esquerda”. Maria ainda saiu em defesa da democracia, criticou a atuação dos parlamentares no Congresso Nacional e ressaltou que a “mídia é conservadora”.
“A mídia é conservadora, no entanto, a imprensa, as televisões, o patrão deles não é só o dono da empresa, o patrão deles são os leitores e os telespectadores. Se a imprensa fica mais conservadora é porque esses leitores estão mais conservadores, uma coisa alimenta a outra”, afirmou.
“Há uma retomada do conservadorismo, inclusive uma direita pra lá de conservadora que pede a volta dos militares. Isso é de uma ignorância, é como se os militares viessem colocar a ordem na casa”, disse.
A perseguição da grande mídia contra o PT e a abordagem monopolista também oi lembrada por Kehl.
“Eu não sei se a imprensa espelha algo que está acontecendo no país”, indagou a psicanalista.
“É claro que tem uma torcida contra o governo do PT. Eu não acho que a imprensa seja golpista, ela é de direita, conservadora. Naquela outra passeata da direita [15 de março deste ano] a estimativa da Globo era de 1 milhão de pessoas e a PM, que é PM, falou em duzentas mil e olhe lá”.
A tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff foi criticada pela psicanalista, que defende a democracia brasileira.
“Acho a democracia um valor inestimável, temos que preservá-la, defendê-la sempre de qualquer maneira. Nada justifica um golpe, nem de direita e nem de esquerda, um golpe que suprime a democracia, que suprime a liberdade”, declarou.
Sobre a atuação dos parlamentares eleitos na atual legislatura, Kehl, lamentou a postura adotada pela Mesa da Câmara dos Deputados.
“Avaliar o Congresso nesse momento é me pedir pra dizer um monte de palavrão porque é uma decepção gigantesca, porém a sociedade votou nesses representantes”, afirmou.
Ao final da entrevista, a psicanalista ressaltou que os conservadores estão prejudicando a vida das minorias.
“Tem um conservadorismo aqui, principalmente com os pobres, com os quilombolas, camponeses”, disse.
Leia a entrevista na íntegra.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias