Partido dos Trabalhadores

Golpistas aumentam a repressão e mandam o exército à Paulista

PMs, especialmente os subordinados ao tucano Geraldo Alckmin, estão abusando da violência em atos contra o golpe. Para domingo, até exército foi convocado

Lula Marques

Lula Marques

O governo usurpador de Michel Temer está decidido a não permitir que atos em favor da democracia ocorram pelo país, custe o que custar. Desde a aprovação do impedimento da presidenta Dilma Rousseff no Senado, na quarta-feira (31), as mobilizações populares têm sido diárias, assim como a repressão violenta das polícias militares.

Mas neste domingo (4), em São Paulo, o governo escala um novo degrau de truculência: recrutou o exército para impedir protestos durante a passagem da tocha paralímpica pela avenida Paulista, que estará fechada para o trânsito de veículos e aberta ao público. Trata-se, normalmente, de espaço dedicado ao lazer de jovens e famílias, e também de manifestações culturais e políticas de todas as tendências. Agora que o golpe foi consumado, contudo, querem proibir os protestos na via.

A presença do exército é agravada pela determinação, por parte da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, de proibir oficialmente as manifestações –uma forma de autorizar a repressão por parte da polícia e, talvez, do exército contra os grupos que se organizam para realizar ato pacífico pela democracia na avenida neste domingo.

O discurso que justifica a violência já circula pela mídia corporativa: em editorial nesta sexta-feira (2), a Folha de S.Paulo diz que “grupelhos extremistas costumam atrair psicóticos, simplórios e agentes duplos”. “Está mais do que na hora de as autoridades agirem de modo sistemático a fim de desbaratar [as patrulhas fascistóides] e submeter os responsáveis ao rigor da lei”. Mais de 15 mil pessoas afirmam que estarão presentes em evento criado pela Frente Povo Sem Medo no Facebook.

Os relatos de violência dos últimos dois dias são inúmeros. Dezenas de jovens foram irregularmente detidos pela polícia, e as ofensivas com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, jatos de água e cacetetes são comuns. Por onde passam, os policiais costumam destruir equipamentos fotográficos, para apagar os traços de sua violência (segundo relatos da própria mídia golpista), mas mesmo assim as imagens são muitas. As consequências também: no primeiro dia de protestos, a jovem Deborah Fabri foi atingida por estilhaços de uma bomba de gás perdeu a visão do olho esquerdo.

Foto: Reprodução/O Cafezinho

Foto: Jardiel Carvalho/ R.U.A. Foto Coletivo

No centro de São Paulo, o restaurante Al Janiah, fundado e frequentado por refugiados de diversos países que buscam uma nova vida no Brasil foi alvo de bombas de fumaça sem motivo no dia 31, e novamente no dia 1º de setembro: grupos de policiais que dispersavam os protestos identificaram no local um dos pontos de reunião de pessoas que, além de apoiar os imigrantes, são contra o golpe. Em seu perfil nas redes sociais, o Al Janiah pede às pessoas que enviem imagens dos ataques da polícia para que possam divulgar a violência aleatória promovida por agentes do Estado.

Foto: Reprodução/facebook

Relatos nas redes sociais dão a dimensão do terror nas ruas de São Paulo:

Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, imagens de celular registraram o momento em que uma mulher é rodeada por uma dúzia de PMs e atingida com um soco no rosto. Os policiais agridem também as pessoas que se aproximam para questionar a violência:

No Rio Grande do Sul, a repressão também ultrapassou quaisquer limites. O advogado Mauro Rogério Silva dos Santos, de Caxias, conta que havia ido ao fim de um protesto para buscar um de seus filhos, quando atendeu o pedido de ajuda de jovens que diziam estar sendo detidos irregularmente pela polícia. Apesar de apresentar-se como advogado e mostrar a carteirinha da OAB, foi duramente agredido pelos policiais na rua, levado à delegacia e agredido novamente antes de ser liberado. Em postagem no Facebook, o advogado diz agora temer por sua vida. “As notícias que nos chegam não são boas.

A informação é de que a guarnição que nos abordou na noite de ontem é uma guarnição de POA deslocada para Caxias. A mesma é especializada em produzir óbitos. Amanhã ou depois, eu e meu filho iremos aparecer mortos em uma condição que nos fará parecer bandidos. Não tememos, se for o preço a pagar por um Brasil livre e justo, que assim seja. Agradecemos antecipadamente à solidariedade que vem de todo o Brasil”, escreveu.

Durante o processo do impedimento de Dilma, uma charge da cartunista Laerte ironizava os golpistas: “olha, mãe, sem os militares!”, dizia um homem pedalando uma bicicleta cujo formato soletrava a palavra golpe. Infelizmente, estava errado: o golpe tem, também, braços armados em todos os lugares. As manifestações, no entanto, continuam a ser convocadas, reunindo cada vez um número maior de pessoas indignadas com o sequestro da democracia e os abusos da polícia militar.

Da Redação da Agência PT de Notícias