Parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara comentaram em suas redes sociais a reportagem do jornal O Globo, veiculada nesta segunda-feira (5), que revela que a ação da família Bolsonaro – no exercício do poder – transita entre nepotismo e funcionários fantasmas. A matéria aponta que desde 1991, período em que o clã Bolsonaro exerce cargos eletivos, 102 pessoas empregadas em seus mandatos possuíam grau de parentesco. Destes, segundo a reportagem, 13% (37 assessores) não trabalhavam de fato nos cargos.
“A família Bolsonaro mostra que fez da política um negócio familiar, um grande cabide de empregos. Ao longo de 28 anos, Bolsonaro e os filhos nomearam 102 pessoas com laços familiares em seus mandatos. Nepotismo na sua essência. Imagina se fosse o Lula!”, comentou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), em sua conta no Twitter.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), também pelo Twitter, ironizou: “Quando Bolsonaro disse que ia governar para a família ele não estava mentindo! Reportagem do Fantástico, com base na Lei de Acesso à Informação – que é de minha autoria -, revela que o clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares”.
A mesma opinião tem a deputada Erika Kokay (PT-DF), que em sua rede social afirmou que Bolsonaro falou a verdade quando disse que governaria para a família. Ela ainda acrescentou que “a famiglia sempre usou a política como negócio, e na presidência a prática continua! Nepotismo e laranjal juntos com as milícias”.
De acordo com o deputado Odair Cunha (PT-MG), Jair Bolsonaro acha normal colocar mais de 100 parentes em cargos no seu gabinete e nos dos filhos, defendendo o nepotismo. “Nenhuma surpresa, já que indicou o filho para embaixada dos EUA. É um presidente que trabalha pela família brasileira. Mas só a dele”, criticou.
Para os deputados Helder Salomão (PT-ES) e Paulo Teixeira (PT-SP), Bolsonaro usou da retórica de combate à corrupção e privilégios envergonhando o Brasil. “O governo da morte é também governo do nepotismo descarado. #BolsonaroEnvergonhaOBrasil”, escreveu Helder Salomão. E Paulo Teixeira completou: “102 parentes empregados na política! Essa é a nova política? Bolsonaro fraudou as eleições no Brasil”.
Fantasmas
No grupo de 37 pessoas que constaram como assessores, mas possuem indícios de que não atuavam efetivamente nos cargos, estão 20 investigadas pelo Ministério Público do Rio no procedimento que apura peculato e lavagem de dinheiro, além de improbidade administrativa, no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
São pessoas como Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, ex-segurança de Flávio, alvo do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pela movimentação atípica de R$ 1,2 milhão. Márcia constou como assessora por dez anos e jamais teve crachá na Alerj, além de declarar-se “cabeleireira” em um processo de violência doméstica. Também é a situação de Nathália Queiroz, que trabalhou como personal trainer enquanto figurou como assessora de Flávio e também de Jair Bolsonaro.
Entre os investigados pelo MP e que possuem indícios de que não trabalharam nos cargos estão dez pessoas ligadas à família de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro. Todos eles tiveram cargos no gabinete de Flávio e moravam em Resende no período em que constaram como assessores. Em junho, O Globo mostrou as histórias do aposentado José Procópio da Silva Valle, da professora aposentada Maria José de Siqueira e Silva, da fisiculturista Andrea Siqueira Valle e do veterinário Francisco Diniz. Os dois primeiros nunca tiveram crachá na Alerj. Andrea vivia de faxinas e Diniz cursou medicina veterinária em Barra Mansa no período.
O nutricionista Rafael Góes constou como assessor do gabinete de Carlos Bolsonaro entre 2001 e 2008. Questionado se trabalhou no gabinete, também disse que “não”. Dias depois, confrontado outra vez com a informação, disse que “estava na correria” e mandou a reportagem falar com o atual chefe de gabinete, Jorge Fernandes.
A revista “Época” revelou, em junho, que Marta da Silva Valle, cunhada de Ana Cristina Siqueira Valle, sempre morou em Juiz de Fora (MG), mas esteve lotada no gabinete de Carlos, entre 2001 e 2009. Procurada, ela admitiu que nunca trabalhou para Carlos.
Por PT na Câmara