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Governo Bolsonaro: Trabalhador empobrece mais a cada pesquisa

Renda média real chega ao pior nível da série histórica da Pnad Contínua, do IBGE. Mais de 40% dos empregos criados no trimestre encerrado em novembro eram informais

Site do PT

O desastre econômico de Bolsonaro só piora

A precarização do trabalho no Brasil atinge seu ponto crítico, e quem ainda consegue ocupação está recebendo o menor salário dos últimos dez anos. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o rendimento médio real foi de R$ 2.444 no trimestre encerrado em novembro de 2021, menor nível desde o início da série histórica, em 2012.

A taxa de desemprego caiu para 11,6% no período – redução de 1,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (13,1%). Na comparação com o mesmo trimestre de 2020, a redução foi de mais de dois pontos percentuais (14,4%). No entanto, a massa de rendimento real habitual permaneceu estável (R$227 bilhões), o que representa mais pessoas dividindo o mesmo bolo. Com isso, a queda de rendimento chegou a 4,5% frente ao trimestre anterior, e a 11,4% em relação ao mesmo trimestre de 2020.

Isso significa que, apesar de haver aumento na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

Nenhum dos grupamentos de atividades teve crescimento no rendimento médio real habitual, frente ao trimestre anterior. Mas houve quatro reduções: Indústria (6,1%, ou menos R$ 155), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,0%, ou menos R$ 146), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (7,1%, ou menos R$ 270) e Serviços domésticos (2,3%, ou menos R$ 22).

Na comparação anual, o rendimento também não cresceu, e seis grupamentos mostraram reduções. Na comparação trimestral, nenhuma posição na ocupação teve aumento de rendimento, enquanto quatro sofreram quedas. Frente ao mesmo trimestre móvel de 2020, as seis principais posições tiveram quedas de rendimentos.

Informalidade e regressão da mobilidade social

A informalidade é outro fator a explicar tanto a queda da renda quanto o maior número de trabalhadores ocupados. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado cresceu 7,4%, para 12,2 milhões de pessoas. Entre os com carteira, a alta foi proporcionalmente menor (4%), para 34,2 milhões.

Houve alta ainda de 2,3% entre os trabalhadores por conta própria, para 25,8 milhões de pessoas, e entre os trabalhadores domésticos (6%), para 5,6 milhões. A taxa de informalidade chegou a 40,6%, mantendo-se estável frente ao trimestre anterior, mas houve aumento no número de trabalhadores informais.

“Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal”, constata Adriana Beringuy. “Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações.”

O nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 55,1%. O Brasil ainda soma 12,4 milhões de pessoas na fila por trabalho —o número representa queda de 10,6% (menos 1,5 milhão de pessoas). A população fora da força de trabalho – que não estavam nem ocupadas nem desocupadas – somou 64,8 milhões de pessoas.

O levantamento do IBGE mostra ainda que faltavam oportunidades no mercado para 29,1 milhões de trabalhadores, contingente que o instituto classifica como trabalhadores subutilizados. A população desalentada, aquela que por algum motivo desistiu de procurar trabalho, foi estimada pelo IBGE em 4,9 milhões de pessoas.

Nos últimos dez anos, a fatia de domicílios brasileiros que integra as classes D e E aumentou de 48,7% para 51%, conforme levantamento da consultoria Tendências. Em números absolutos, há 37,7 milhões de domicílios com renda mensal de até R$ 2,8 mil em 2002.

“A crise do biênio 2015 e 2016 provocou efeitos negativos na mobilidade social. Houve a ampliação das classes D e E e o enxugamento da classe média”, afirma Lucas Assis, economista da Tendências. “O quadro já não era tão favorável, e a pandemia ampliou ainda mais as desigualdades.”

Em períodos de crise, essas famílias têm dificuldade em gerar renda, o que foi amplificado nos momentos de lockdowns. A renda dessas classes é uma renda da rua, de quem trabalha como conta própria”, explica Maurício Prado, diretor da consultoria Plano CDE.

Da Redação, com informações de Imprensa IBGE