Anunciado com pompa no Palácio do Planalto e escorado em uma campanha publicitária programada para rádio, TV e redes sociais, o pacote “Avançar”, lançado nesta quinta-feira (9) pelo governo federal é tão tímido que deveria se chamar “Recuar”, avalia a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Criado de olho nas eleições de 2018 — inaugurar obras é sempre uma ferramenta de campanha — o pacote de Temer prevê magros R$ 42 bilhões em investimentos públicos em um País que contabiliza 13 milhões de desempregados e tanto necessita da participação do Estado para estimular a economia. “Chega a ser ridículo”, dispara Gleisi, lembrando que esse montante está a anos-luz do volume movimentado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado por Lula e continuado por Dilma.
“O período em que tivemos crescimento econômico e geração de empregos no Brasil foi quando tivemos muito investimento público. Não crescemos só por causa do consumo—que também é um motor importante da economia”, diz Gleisi Hoffmann.
Não cabe no Orçamento
Gleisi, que foi ministra-chefe da Casa Civil de Dilma e acompanhou de perto a condução do PAC, lembra que só em 2012 o governo investiu R$ 72 bilhões no âmbito do programa e um total de RS$ 114 bilhões. Em 2015, já em plena crise, o governo Dilma executou R$ 42 bilhões — executar significa realizar o que está previsto e orçado em obras e ações.
“Um dos grandes responsáveis pela geração de 22 milhões de empregos com carteira assinada registrada nos 13 anos de governos petistas, o PAC foi deixado à míngua por Temer”— o orçamento do programa para 2018 é de R$ 25 bilhões. O economista e assessor técnico da Bancada do PT no Senado, Bruno Moretti, ressalta ainda que os números anunciados por Temer não batem com a proposta de Orçamento já apresentada ao Congresso.
“Um dos grandes responsáveis pela geração de 22 milhões de empregos com carteira assinada registrada nos 13 anos de governos petistas, o PAC foi deixado à míngua por Temer”— o orçamento do programa para 2018 é de R$ 25 bilhões”, explica Bruno Moretti
Programa inexequível
A timidez do “programa de investimentos” de Temer autoriza qualquer brasileiro a pensar que o ocupante do Planalto não sabe que país está governando. Afinal de contas, a profunda recessão econômica que nocauteou a inflação — às custas de desempregar 13 milhões de pessoas — não pode ser vencida sem uma iniciativa decidida do Estado. E isso significa investir, mobilizar recursos para fazer girar a roda da economia com grandes obras. O investimento no Brasil hoje está em apenas 15% do Produto Interno Bruto (PIB), muito inferior ao nível atingido no governo Lula, que era de 22%.
“O período em que tivemos crescimento econômico e geração de empregos no Brasil foi quando tivemos muito investimento público. Não crescemos só por causa do consumo—que também é um motor importante da economia. O PAC lançado por Lula fez hidrelétricas, fez o Minha casa, Minha Vida, estradas, aeroportos e portos. Isso alavanca o crescimento econômico porque gera empregos, gera riquezas”, resume Gleisi.
“Além de ser muito inferior ao PAC, o “Recuar” é inexequível. Não há dinheiro público para financiar o programa, como já vimos no Orçamento. Nem vai haver dinheiro privado, pois o único banco que poderia fazer os empréstimos de longo prazo para os empresários investirem, o BNDES, está sendo sucateado”, diz Gleisi.
Obras em áreas como mobilidade urbana, transporte e habitação costumam gerar muitos empregos, mas exigem financiamentos de longo prazo. Foi por isso que os governos Lula e Dilma colocaram R$ 200 bilhões no BNDES, para que o banco de fomento pudesse fazer esses empréstimos. Mas aí veio o governo Temer e fez o BNDES devolver R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional e quer obrigar a devolver os outros R$ 100 bilhões. “Agora, qual é o banco que vai financiar a iniciativa privada para tocar essas obras que eles estão anunciando?”, questiona a senadora.
Do PT no Senado