Atualmente há cerca de 8 milhões de jovens do campo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. A juventude representa 27% da população rural do país. A vontade de permanecer no campo é o desejo de muitos, mas a falta de acesso a internet acaba afastando os jovens da zona rural.
Fredson Rodrigues Brito, tem 22 anos e mora no assentamento Contagem, há 30 quilômetros de Brasília. O jovem reclama que os estudos estão paralisados porque não possui internet no local.
“Queria fazer um curso a distância e aprender tecnologias de produção agrícola. Não tenho condições de estudar na cidade, mas acho que terei que me arriscar saindo de casa. Talvez vou morar na casa de algum parente no centro”, desabafa.
De acordo com o último censo demográfico, 84% querem permanecer no campo, mas continuar o legado da família e viver na zona rural é um desafio.
Em março, integrantes da Comissão Nacional de Juventude Rural da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) entregaram ao governo federal as demandas da juventude rural de todo o Brasil.
Um conjunto de proposições de políticas públicas para a juventude rural foi apresentada em uma Carta Proposta da Juventude. Entre os pedidos, qualificação técnica, inclusão digital, valorização de práticas agroecológicas alternativas, entre outros.
Integrante da Contag, a secretária Nacional de Jovens, Mazé Morais, afirma que houve avanços nos últimos anos em relação a juventude rural, mas ampliar o acesso digital ainda é um obstáculo.
“Queremos ter os mesmos direitos daqueles que moram nas cidades. Reconhecemos que conseguimos avançar nas políticas públicas para a juventude rural, mas enquanto não formos incluídos na esfera digital vamos lutar”, afirma.
A presidenta Dilma Rousseff garantiu, em março, durante o 3º Festival da Juventude Rural que levará a internet banda larga para o meio rural.
“A internet é uma forma de te ligar com o mundo onde quer que você more. Se você mora no lugar mais distante, você pode conversar com outro lugar mais distante. Daí a importância da internet para a juventude, para a juventude de trabalhadoras e trabalhadores rurais, de pequenos agricultores familiares, de assentados da reforma agrária. Esta é uma condição de vida essencial, sem isso, não vai haver presença dos jovens no campo”, destacou a presidenta.
Até 2018, o ministério das Comunicações pretende garantir “internet de banda larga para 95% da população brasileira, garantindo conexão em velocidade média de 25 megabites”, conforme informou o ministro Ricardo Berzoini quando esteve em audiência pública na Câmara dos Deputados, em abril deste ano.
Permanência rural – Entre os estímulos ofertados pelo governo federal para o jovem permanecer na zona rural, está o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec Campo). Criado em 2011, disponibiliza cursos para so diferentes públicos do meio rural, ajudando a fortalecer as capacidades produtivas e gerenciais no campo.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias