O governo federal concluiu, nesta segunda-feira (14), o quinto voo de repatriação de brasileiros que vivem no Líbano. O país árabe é cenário de um conflito deflagrado entre as Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) e o grupo armado Hezbollah. Até o momento, a “Operação Raízes do Cedro” – iniciativa do Ministério das Relações Exteriores (MRE) em parceria com o Ministério da Defesa (MD) – já salvou 1.105 pessoas e 13 animais de estimação. A pedido da Presidência da República, na semana passada, o Congresso Nacional aprovou recursos extraordinários na ordem de R$ 80 milhões para dar prosseguimento ao resgate.
A aeronave designada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para levar a cabo a repatriação, o KC-30, aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, às 6h desta segunda, com 220 passageiros a bordo, incluindo 10 crianças de colo, e 2 pets. O avião chegou à capital libanesa, Beirute, repleto de donativos: 1,4 mil cestas básicas e 6,9 mil caixas de medicamentos diversos arrecadados pela Associação Unidos pelo Líbano. Na chegada a São Paulo, os repatriados receberam suporte do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal (RF).
Há sete dias, o governo do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou que as IDF invadissem o Líbano, por terra, para confrontar os xiitas do Hezbollah. Como resultado, o MRE tem recebido inúmeros pedidos de repatriação de brasileiros.
O primeiro voo da “Operação Raízes do Cedro” pousou na base aérea de Guarulhos, em São Paulo, no dia 6, com um total de 228 passageiros e três pets. O grupo foi recepcionado pelo presidente Lula e por uma equipe multidisciplinar.
Matança
Os ataques israelenses têm se intensificado a cada dia. No domingo (13), o Ministério da Saúde libanês informou que 51 pessoas morreram e 174 ficaram feridas em bombardeios israelenses. De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), mais de 1,3 mil vidas foram ceifadas desde o início da ofensiva.
Por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, o Itamaraty mantém contato com os brasileiros e suas famílias para prestar-lhes assistência consular e verificar a necessidade de se promover novo voo de resgate, a depender das condições de segurança. Nesse sentido, o governo brasileiro reitera o alerta para que todos sigam as orientações das autoridades locais. A chancelaria recomenda ainda “para os que disponham de recursos para tal, que procurem deixar o território libanês por meios próprios”.
Esforço pela vida
A Medida Provisória (MP) 1.264, de autoria da Presidência da República, abre crédito extraordinário em favor do Comando da Aeronáutica, via MD, no valor de R$ 80,4 milhões. Os recursos estão reservados ao salvamento de vidas no Oriente Médio e aguardam apenas a liberação das emendas.
A MP serve à FAB para arcar com: a logística do KC-30, nos deslocamentos dos cidadãos repatriados, incluindo peças e suprimentos de aviação; o pagamento de diárias e tarifas aeroportuárias; os custos das adidâncias e das bases aéreas no apoio a tripulações e cidadãos; e a contratação de serviços e demais atividades operacionais.
Segundo o Itamaraty, cerca de 20 mil brasileiros moram hoje no Líbano. Destes, mais de 3 mil pediram para deixar o país por conta da guerra. O governo federal já enviou 43 toneladas de donativos à região, entre cestas básicas e insumos hospitalares.
Ação e reação
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, advertiu o governo israelense de que quaisquer ataques contra as forças de paz “podem constituir um crime de guerra”. Tanques das IDF invadiram, no domingo, uma base da Força Interina da ONU no Líbano (Unifil).
Por sua vez, o Hezbollah anunciou, nesta segunda, ter atacado uma base naval na cidade portuária de Haifa, ao norte de Israel. No dia anterior, bombardeio semelhante matou quatro soldados da IDF em localidades próximas.
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Da Redação, com informações de MRE, Site do Congresso Nacional, Agência Brasil, AFP, ONU