Em uma iniciativa histórica, o governo Lula lançou a Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP), na última terça-feira (22), em Washington, Estados Unidos. O projeto é um marco significativo no esforço do país para unir seus planos de transformação ecológica e transição climática para investimentos estratégicos, tanto nacionais quanto internacionais.
O BIP é liderado pelo Ministério da Fazenda, em parceria com outros ministérios, e surge com o objetivo de criar um ecossistema de investimento direcionado ao enfrentamento das mudanças climáticas, à descarbonização da economia e à reindustrialização verde.
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A plataforma é resultado de um esforço coordenado entre diversos órgãos do governo Lula e parceiros internacionais, como a Bloomberg Philanthropies, a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo Verde para o Clima (GCF).
A proposta é atrair capital internacional para programas e projetos que promovam o desenvolvimento sustentável no Brasil, priorizando iniciativas que visem a transição ecológica e a mitigação das mudanças climáticas.
Combinação entre financiamento e projeto
Durante o evento de lançamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), destacou a importância do mecanismo para alavancar recursos e conectar investidores com projetos estratégicos.
“Essa plataforma faz exatamente a combinação entre financiamento e projeto. Então, nela estarão todos os projetos validados pelo BNDES como projetos verdes. Ou seja, com o selo do BNDES, esse projeto está aderente ao Plano de Transformação Ecológica, associado a esses muitos instrumentos de financiamento. Você vai casar o financiador com o proponente que está com o projeto inovador em torno da transformação ecológica”, explicou Haddad.
O BIP também visa criar um ecossistema de negócios que incentive o desenvolvimento de soluções tecnológicas e práticas sustentáveis.
Haddad ressaltou que, antes da criação da plataforma, iniciativas como o Fundo Clima e o Eco Invest Brasil já haviam conseguido alavancar recursos significativos entre R$ 10 bilhões e R$ 45 bilhões, respectivamente.
“Nós estamos fazendo um match entre essas duas pontas e com financiamento, inclusive externo. A plataforma tende a potencializar esses números, porque, às vezes, você tem o investidor e não tem o projeto. Às vezes, você tem o projeto e não tem investidor”, acrescentou Haddad. Ele destacou que o Brasil está na vanguarda global de iniciativas desse tipo, à frente de países como Indonésia e Egito.
Apoio internacional e reconhecimento
O lançamento do BIP contou com a participação de figuras importantes do cenário internacional, como Mark Carney, enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Ação e Finanças Climáticas e co-presidente da GFANZ.
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Carney elogiou o projeto como um exemplo a ser seguido por outros países. “O Brasil está dando um exemplo para o mundo, mostrando como a ação sobre emissões pode causar o crescimento, espalhar prosperidade e criar novos empregos bem remunerados. O Plano de Transformação Ecológica e o plano Nova Indústria Brasil criam prioridades claras para a ação”, afirmou Carney.
“Agora, o BIP reunirá os setores públicos e privados com instituições domésticas e internacionais para superar as barreiras de investimento e apoiar uma transição em toda a economia.”
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Transformação e descarbonização
O ecossistema que o BIP pretende construir terá um papel fundamental na agenda de adaptação e enfrentamento da mudança climática, valorizando a bioeconomia, a economia verde e iniciativas de reindustrialização verde.
O plano é ampliar os investimentos públicos e privados para promover uma economia descarbonizada, melhorando a qualidade de vida da população brasileira. As diretrizes da plataforma estão intimamente ligadas ao Plano Clima, que orienta a política climática do Brasil até 2035, e ao Plano de Transformação Ecológica, que visa a neutralidade das emissões de gases de efeito estufa até 2050.
Setores estratégicos
O BIP, conforme anunciado, focará inicialmente em três setores estratégicos: soluções básicas na natureza e bioeconomia, indústria e mobilidade, e energia.
Ao alinhar esses setores com os objetivos da transição ecológica, a plataforma busca soluções sustentáveis e criar um “pipeline” de projetos que contribua diretamente para o desenvolvimento econômico do Brasil de maneira sustentável.
Objetivos e ações estruturantes
– Mapear e priorizar “pipelines” de projetos alinhados com os planos do governo Lula e identificar mecanismos para escalá-los, em parceria com iniciativas setoriais, como o Programa Acelerador de Transição Industrial (ITA) Brasil e o Hub de Descarbonização Industrial.
– Reunir uma comunidade global de investidores e financiadores do setor público e privado, expandindo o “pool” de capital disponível para projetos prioritários.
– Desenvolver mecanismos de financiamento para mobilizar investimentos privados, explorando parcerias com bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições nacionais.
– Trazer perspectivas do setor privado para destravar investimentos em setores prioritários, fornecendo suporte e superando barreiras políticas.
– Avançar as prioridades climáticas e de desenvolvimento do Brasil em fóruns como internacionais o G20 e a COP30.
O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, também expressou apoio à plataforma, destacando a importância da iniciativa para a economia e o meio ambiente.
“Essa iniciativa é fantástica e pode abrir novos horizontes de investimentos em nosso país orientados pela perspectiva do desenvolvimento sustentável. A Plataforma de Investimentos do Brasil é um exemplo prático da ideia defendida pelo presidente Lula, e simbolizada ainda em seu programa de governo nas eleições de 2022, de tratar a questão da preservação do Meio Ambiente e do combate às mudanças climáticas como uma agenda transversal, unindo todos os ministérios e a criação de políticas estruturantes.”
Tatto ressaltou ainda o papel de Haddad na cooperação desse esforço conjunto.
“É a primeira vez que o Ministério da Fazenda se ocupa com tanta dedicação em construir uma agenda ambiental forte no país, seja na cooperativa do Plano de Transformação Ecológica e agora orientando uma estratégia de investimentos para uma transição energética justa e inclusiva, gerando emprego e renda, além de alavancar a bioeconomia, a economia verde, a reindustrialização verde e a agricultura de baixo carbono.”
Da Redação , com informações da Secom