O posicionamento do Brasil parece ter incomodado, pela primeira vez, o Estado de Israel. Diante das críticas feitas pelo Itamaraty aos sucessivos ataques israelenses a região da Faixa de Gaza, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, tentou diminuir a relevância internacional brasileira ao chamar o País de “anão diplomático”.
Em artigo, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirma que é preocupante o fato de os acontecimentos recentes servirem para “intoleráveis manifestações antissemitas”.
“É evidente que o governo brasileiro não busca a “relevância” que a chancelaria israelense tem ganhado nos últimos anos. Menos ainda a “relevância” militar que está sendo exibida vis-à-vis populações indefesas”, declarou.
O atrito teve início com uma nota divulgada pelo Itamaraty, onde avaliava ser desproporcional a força usada por Israel no conflito na Faixa de Gaza. O governo brasileiro pedia ainda o imediato cessar-fogo dos ataques, que não param de fazer vítimas na região.
Em tom de chacota, Palmor, lembrou a vitória da seleção alemã sobre o Brasil, na semifinal Copa do Mundo, para criticar a posição do governo brasileiro. “No futebol, quando um jogo termina em empate, você acha proporcional, e quando é 7 a 1 é desproporcional”, declarou nesta quinta-feira (24), em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo.
Palmor disse ainda, em outra ocasião, que o Brasil não é um Estado relevante no cenário internacional. “Era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”, afrontou.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, respondeu com diplomacia à declaração do porta-voz israelense. Nesta quinta-feira (24), após evento em São Paulo, o chanceler frisou a boa reputação brasileira internacional, com histórico de cooperação pela paz.
“O Brasil é um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU”, disse. E completou: “Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles”.
Desde o dia oito de julho, o confronto entre Israel e o grupo palestino Hamas, em Gaza, já matou mais de 733 palestinos e 35 israelenses, sendo 70% civis, segundo o diplomata brasileiro. Somam-se ainda 4,6 mil feridos. “Não é aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e civis”, disse. Figueiredo frisou, porém, que não é a favor do terrorismo praticado por integrantes do Hamas.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias