O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC critica a demora do governo federal em colocar em prática o novo regime automotivo, chamado de Rota 2030. Em abril, o Ministério da Fazenda venceu a queda de braço com o Ministério da Indústria e conseguiu limitar os benefícios tributários previstos no programa.
O lançamento do Rota 2030 estava previsto para janeiro, mas a polêmica entre os dois ministérios fez a data ser adiada diversas vezes. “Este atraso é mais uma prova do fracasso desse governo na política econômica. É uma oposição completa do Ministério da Fazenda, que travou o avanço dessa política até agora”, afirma Luís Paulo Bresciani, coordenador da subseção do Dieese daquele sindicato.
“Esse governo não tem pulso para dizer qual a condução que vai dar ao país. É um recado muito ruim aos trabalhadores, que ficam à mercê de qual política as montadoras seguirão, além de um recado ruim também para os investidores. Se eles não sabem qual a política que o país tem, acaba se retirando investimentos”, acrescenta Wellington Damasceno, diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos, em entrevista à repórter Michelle Gomes, da TVT.
Os entrevistados alertam que a demora no lançamento do programa dificulta a retomada do crescimento da indústria automobilística e ainda traz prejuízos aos trabalhadores. “Todo o potencial de recuperação da indústria automotiva que puxaria outros setores, nesses quatro meses, foi desperdiçado. A elevação das importações é uma decorrência disso. Nós temos outro resultado também consequente, que é o aumento da taxa de desemprego, porque dois terços dos setores industriais está estagnado”, diz Bresciani.
Desde janeiro, o setor automobilístico brasileiro funciona sem uma política industrial clara. Antes disso, o programa Inovar Auto, que vinha sendo aplicado por cinco anos consecutivos, ofereceu, entre outros estímulos ao setor, descontos no IPI para a empresa que cumprisse metas de eficiência energética dos combustíveis e de investimentos em pesquisa e tecnologia.
No ano passado, o governo Temer começou a discutir o programa que deveria substituir o Inovar Auto, batizado de Rota 2030, sem que o movimento sindical fosse chamado a participar de sua construção. Os metalúrgicos da CUT, porém, reivindicaram participar das reuniões e têm apresentado pautas importantes para os trabalhadores.
“É preciso frear as importações. Pode importar, mas tem de ter uma contrapartida para a sociedade brasileira. Investir no desenvolvimento de engenharia e ferramentaria no Brasil, porque é onde estão os melhores empregos. A gente também tem insistido muito na discussão dos carros elétricos”, sinaliza o diretor do sindicato.
Veja reportagem da TVT sobre o tema:
Da CUT